Ministério de tutela e trabalhadores adoptam medidas para relançamento da empresa
Bissau, 02 Out 17 (ANG) – Os
funcionários da Empresa Nacional de Captação de Água (ENAFUR), com sede em Gabú
e o Ministério dos Recursos Naturais acordaram no sábado implementar um
conjunto de medidas visando o relançamento, o mais rápido possível, daquela
firma estatal de realização de furos que actualmente se encontra numa situação
de penúria.
O acordo foi tornado público
no final da reunião realizada em Gabú entre os cerca de cinco dezenas de
trabalhadores e a comissão despachada pelo Ministro dos Recursos Naturais,
Barros Bacar Banjai, na sequência de denúncias e acusações feitas publicamente
pelo sindicato de base da ENAFUR.
No âmbito do acordo foi
criada uma comissão integrando elementos do sindicato dos trabalhadores, da
Direcção da ENAFUR e do Ministério da tutela com o objectivo de dar seguimento
as diligências em curso para o relançamento da empresa.
Os principais pontos de concordância
obtida pelas partes e apresentados por Seco Bua Baio, chefe da equipa do Ministério
dos Recursos Naturais se assentam em três vertentes, nomeadamente
jurídico/constitucional, técnico/operacional e social.
Assim, na esfera social,
conclui-se ser urgente a mobilização de um fundo, se possível antes do fim do
ano, destinado a apoiar os funcionários da ENAFUR que já contabilizam vários
meses sem salários, e realização de uma reunião geral destes com o Ministro da
tutela para dissipação de todos os equívocos que eventualmente ainda persistem.
No plano técnico/operacional
foi reconhecido a necessidade de proceder a um levantamento do estado geral da
empresa, sobretudo em termos materiais e equipamentos, no sentido de a dotar de
capacidades para concorrer e ganhar o
concurso de realização de 200 furos,
financiado pela União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA), assim como
alguns outros empreendimentos desta natureza.
“Isso insuflaria um fôlego
financeiro e atenuaria o aperto em que se encontra a empresa”, explicou o chefe
da Missão que de seguida exortou a empresa para a necessidade de diversificação
de mais parceiros e de alargar a sua área de intervenção para carpintaria,
serralharia e mecânica, entre outros, porque possui recursos humanos capazes.
Na vertente
jurídico/constitucional, o Ministério se incumbiu de convocar a empresa
Pinto/Brasil, parceiro da ENAFUR há já quatro anos, para dar conta do montante
por ela investido, nomeadamente na reparação de alguns equipamentos da empresa
e as receitas já obtidas até aqui no quadro da sua parceria, além de se inteirar
ao pormenor dos estatutos da referida parceria.
“Incluem-se ainda as
isenções alfandegárias de que beneficiou a Pinto Brasil, em nome da ENAFUR”,
acrescentou Bua Baio, para acalmar os trabalhadores que acusam a Pinto-/Brasil
de ter gerido de forma unilateral as receitas geradas pela ENAFUR e solicitam
um controlo e gestão das mesmas através de uma comissão mista entre as duas
partes.
Ainda no capítulo de
parceria, a comissão ministerial informou que a tutela estaria em negociação
com vários parceiros, com destaque para uma empresa francesa, no intuito de
estabelecimento duma parceria com a ENAFUR.
O presidente do Sindicato da
ENAFUR, Augusto Douglas Gomes mostrou-se satisfeito com a iniciativa do
Ministério dos Recursos Naturais de contactar directamente aos trabalhadores
para auscultar a situação real e propor soluções. “Isso demonstra que o Ministério,
afinal de contas, esta atento e escutou o nosso grito de socorro na conferência
de imprensa que demos recentemente”, resumiu.
No passado dia 24 de Setembro,
um grupo de funcionário da ENAFUR acusou o ministro de tentativa de pôr cobro a
parceria entre a mesma e a empresa internacional Pinto/Brasil e pediram a
intervenção do Presidente da República neste processo.
Denunciaram ainda a situação
de falta de salários de há vários anos e, que, consequentemente, terá causado a
morte de três dezenas dos seus colegas sem que os familiares tenham beneficiado
de subsidio de luto.
ANG/JAM/SG
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