Bissau, 05 set 19 (ANG) - O
primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, sofreu duas importantes
derrotas no Parlamento nesta quarta-feira (4), um dia depois de ter perdido sua
maioria na casa.
Na mais importante delas,
os deputados votaram contra a saída do país da União Europeia sem um acordo.
No início da noite,
parlamentares aprovaram, por 327 votos contra 299, um projeto de lei que obriga
o primeiro-ministro a pedir uma extensão até 31 de janeiro de 2020 do prazo
para que o país deixe oficialmente da União Europeia, o chamado Brexit. Diante
do resultado, Johnson entrou com uma moção pedindo a realização de eleições
gerais antecipadas em 15 de outubro, mas necessitava o apoio de pelo menos dois
terços dos parlamentares, o que não ocorreu, já que o principal partido de oposição,
o Trabalhista, se absteve da votação.
O líder trabalhista,
Jeremy Corbyn, comparou a moção de Johnson com a “maçã oferecida pela Rainha Má
à Branca de Neve, carregada com o veneno do Brexit sem acordo”. Ele disse que,
apesar de desejar novas eleições, se opõe a elas até que os Lordes aprovem o
adiamento do prazo para a saída da União Europeia. Os principais partidos
anti-Brexit, o Liberal-Democrata e o Nacional Escocês (SNP), votaram contra a
moção.
A proposta de lei para
pedir uma nova extensão do prazo para o Brexit é uma manobra para evitar que os
britânicos saiam do bloco europeu sem nenhum tipo de acordo. O texto agora deve
ser debatido e votado na Câmara dos Lordes, onde membros pró-Brexit tentam
atrasar o processo ao propor mais de cem emendas e diante da possibilidade de o
Parlamento ser suspenso a partir da semana que vem.
Ao assumir o poder, em 23
de julho, Boris Johnson reiterou a promessa de campanha de que levaria os
britânicos a abandonar o bloco em 31 de outubro, como estava previsto desde que
a ex-primeira-ministra Theresa May obteve uma prorrogação de seis meses em
relação à data original de 31 de março de 2019. Nesta quarta-feira, ele disse
se recusar a pedir uma nova extensão à União Europeia.
Mesmo se o premiê
concordar em pedir a extensão do prazo prevista na nova proposta de lei, a
decisão final ainda cabe ao bloco europeu.
Os eventos desta
quarta-feira representam mais derrotas para o primeiro-ministro no Parlamento
em dois dias consecutivos e desde que assumiu o cargo, em 23 de julho. Na
terça-feira (3), parlamentares da oposição e 21 de seu próprio partido, o
Conservador, aprovaram uma moção para tomar o controle das decisões relativas
ao processo de saída da União Europeia, e assim abrir caminho para o debate
desta quarta-feira.
Na terça-feira, os 21
membros que se opuseram à posição de Johnson foram expulsos do partido. Entre
eles estão o mais antigo membro do Parlamento, Ken Clarke, o ex-ministro das
Finanças Philip Hammond, e o neto do ex-primeiro-ministro Winston Churchill,
Sir Nicholas Soames. Outro parlamentar conservador, Phillip Lee, anunciou sua
filiação ao Partido Liberal-Democrata horas antes da votação. Isso significa
que Boris Johnson agora tem um governo de minoria parlamentar .
Nesta quinta-feira, uma
corte em Londres realiza uma audiência preliminar em um processo iniciado pela
advogada e ativista anti-Brexit Gina Miller, que questiona a legalidade da
decisão de Johnson de suspender o Parlamento a partir da semana que vem por um
período de cinco semanas. A ação recebeu o apoio do ex-primeiro-ministro
conservador John Major. A possível suspensão coloca ainda mais pressão sobre os
parlamentares para tomar decisões em relação ao Brexit o mais rápido possível. ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário