Covid-19/Investigadores dizem que regras rígidas de
distanciamento estão desactualizadas
Bissau, 02 Set 20 (ANG) – As regras rígidas de distanciamento social como medida de prevenção da covid-19 baseiam-se em ciência desactualizada, defendem investigadores da Universidade de Oxford num artigo hoje publicado no jornal médico BMJ.
De acordo com os
especialistas, as regras de contenção do novo coronavírus devem reflectir
melhor os vários factores que se conjugam para influenciar o risco de
transmissão da doença.
“Regras que estipulam uma única distância física
específica (um ou dois metros) entre as pessoas para reduzir a disseminação de covid-19 são baseadas em ciência desactualizada e experiências de vírus anteriores, argumentam os investigadores.
Tais regras, sustentam,
são baseadas numa “dicotomia simplista” que descreve a transmissão viral por
gotículas grandes ou pequenas emitidas isoladamente, “sem levar em conta o ar
exalado”, de acordo com Nicholas Jones, da Universidade de Oxford, e os
colegas.
Na realidade a
transmissão é mais complexa, envolvendo “um contínuo de gotículas de diferentes
tamanhos e um papel importante do ar que as carrega”, explicam os
investigadores.
“As evidências sugerem
que pequenas gotículas transportadas pelo ar carregadas com covid-19 podem
viajar mais de dois metros impulsionadas por tosse e gritos, e podem
espalhar-se até sete ou oito metros concentradas no ar exalado por uma pessoa
infectada”, lê-se num comunicado hoje divulgado.
Assim, os peritos
alertam que as regras de distanciamento social devem ter em conta os vários
factores de risco, incluindo o tipo de actividade, ambientes internos e
externos, o nível de ventilação e se são usadas protecções faciais.
A carga viral do
emissor, a duração da exposição e a susceptibilidade de um indivíduo à infecção
também são importantes, acrescentam.
“Isso proporcionaria
maior protecção em ambientes de maior risco, mas também maior liberdade em
ambientes de menor risco, permitindo um potencial retorno à normalidade em
alguns aspectos da vida social e económica”, escrevem os autores do trabalho.
Por exemplo, nas
situações de maior risco, como um bar ou uma discoteca lotados, o
distanciamento físico além de dois metros e a minimização do tempo de ocupação
devem ser considerados, enquanto um distanciamento menos rigoroso provavelmente
será adequado em cenários de baixo risco.
Os peritos dizem que é
preciso mais trabalho para examinar as áreas de incerteza e estender o guião
para desenvolver soluções específicas para diferentes ambientes internos e os
vários níveis de utilização.
O distanciamento físico deve ser visto como “apenas uma parte de uma abordagem mais ampla de saúde pública para conter a pandemia de covid-19” e concluem: “Deve ser usado em combinação com outras estratégias para reduzir o risco de transmissão, incluindo lavagem das mãos, limpeza regular das superfícies, equipamento de protecção e coberturas faciais quando apropriado, estratégias de higiene do ar e isolamento dos indivíduos afectados.” ANG/Inforpress/Lusa
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