Moçambique/ Força conjunta desdobra-se em operações de limpeza em Mocímboa da Praia
Bissau, 11 Ago 21(ANG) – O comandante
do Exército
moçambicano disse terça-feira que a força conjunta que
reconquistou, no domingo, a sede de Mocímboa da Praia desdobra-se em “missões
de limpeza” em todo distrito.
“Neste momento, decorrem missões de
defesa em toda área de Mocímboa da Praia”, disse Cristóvão Chume, em
declarações à comunicação social a partir da sede daquele distrito costeiro, no
Norte de Cabo Delgado.
Segundo a fonte, a operação que
culminou com a recuperação da sede de Mocímboa da Praia foi feita a partir de
quatro eixos, dois dos quais, por via marítima, estavam na responsabilidade das
Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e os outros dois, por via terrestre,
nas mãos das forças ruandesas que apoiam o país desde o início de Julho.
“A responsabilidade da parte
moçambicana era de tomar Mocímboa da Praia através do porto e a responsabilidade
da tropa amiga [Ruanda] era de garantir a tomada do aeroporto, de forma que as
duas infra-estruturas que são estratégicas, de ponto de vista militar, pudessem
estar seguras”, declarou Cristóvão Chume, admitindo, no entanto, que “o inimigo
não ofereceu muita resistência”.
A vila costeira de Mocímboa da Praia,
por muitos apontada como a “base” dos insurgentes e onde os ataques começaram
em Outubro de 2017, é uma das principais do norte da província de Cabo Delgado,
situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projecto de exploração de
gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela
Total.
A vila tinha sido invadida e ocupada
por rebeldes em 23 de Março do ano passado, numa acção depois reivindicada pelo
grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de Junho daquele ano,
palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos
insurgentes, o que levou à fuga de parte considerável da população.
A reconquista da vila pelas forças
conjuntas de Moçambique e Ruanda ocorreu por volta das 11:00 de domingo, após
semanas de operações militares, com as forças ruandesas a estimarem, a partir
de Kigali, baixas de, pelo menos, 70 pessoas entre os insurgentes.
Grupos armados aterrorizam a província
de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo
extremista Estado Islâmico.
Na sequência dos ataques, há mais de
3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817
mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Além do Ruanda, Moçambique tem agora
apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de
uma “força conjunta em estado de alerta” aprovado em 23 de Junho, numa cimeira
extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela
província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.
Não é publicamente conhecido o número
total de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da
SADC, que estiveram em Cabo Delgado, já tinham avançado em Abril que a missão
deve ser composta por cerca de três mil soldados. ANG/Inforpress/Lusa
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