Angola/Governo vai enviar um contingente militar ao leste da RDC
Bissau, 13 Mar 23 (ANG) - O governo angolano anunciou sábado (11) o envio de um contingente militar ao leste da República Democrática do Congo (RDC), em apoio às forças de manutenção de paz na região.
O destacamento ainda precisa de ser aprovado
pela Assembleia Nacional angolana.
O anúncio divulgado na conta de Facebook
da Presidência e na Rádio das Nações Unidas esclarece que a unidade tem como
objectivo principal “assegurar as áreas de acantonamento dos elementos do M23 e
proteger os integrantes do Mecanismo Ad Hoc de Verificação”, sem especificar o
número de soldados.
Esta declaração de Angola veio horas
depois de o grupo rebelde M23 ter anunciado a sua retirada de múltiplas áreas
sob o seu controlo, num momento em que os confrontos entre o movimento e o
exército congolês voltaram a ocorrer nos arredores de Goma, no leste do país.
A comunicação oficial do presidente João
Lourenço afirma que foi tomada a iniciativa de informar os líderes da região
sobre o seu destacamento no quadro da coordenação entre os processos de Luanda e Nairobi para
trazer a paz, bem como o bloco regional das Nações Unidas, União Africana e
Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).
O destacamento ainda precisa de ser
aprovado pela Assembleia Nacional angolana. Esta não é a primeira vez que
Angola intervém na RDC. Na altura, na década de 1990, Luanda interveio ao lado
do Presidente Laurent-Désiré Kabila.
Designado pela União Africana (UA)
e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), e agindo
enquanto presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes
Lagos (ICGLR), o Presidente Lourenço é também o principal mediador do
conflito na República Democrática do Congo.
Durante a cimeira tripartida da CIRGL em
Julho do ano passado, foi aprovado um roteiro que previa entre outras acções,
um Mecanismo de Verificação liderado por um oficial general angolano. Este
dispositivo tem a missão de investigar as acusações recíprocas entre a RDC e
o Ruanda, bem como as alegações de violação da fronteira comum.
Em
Novembro de 2022 a Cimeira de Luanda determinou um cessar-fogo, o
desarmamento dos elementos do movimento M23 e a sua retirada
das zonas ocupadas. Em caso de descumprimento, as forças regionais estacionadas
no local teriam um mandato de imposição da paz.
O Quénia e o Burundi já destacaram tropas
sob a Força Regional da Comunidade da África Oriental, que ocupa territórios
desocupados pelos rebeldes desde que começaram a sua retirada em Dezembro de
2022.
Devido aos sucessivos descumprimentos, os
dirigentes africanos reuniram-se em Addis Abeba em 17 de Fevereiro
para discutir um plano de desescalada, e um apelo foi
lançado para uma "retirada de todos os grupos armados" no leste
do país, antes de 30 de Março.
Esta semana os rebeldes do Movimento
23 de Março voltaram a ganhar terreno na província do Kivu Norte, contrariando
o cessar-fogo acordado em Luanda e que deveria ter entrado em vigor na passada
terça-feira (7), com os confrontos a assolarem os vilarejos nos arredores de
Goma.ANG/RFI
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