Governo recua na decisão de suspender atividade da Agência Lusa
Bissau,03 Jul 17(ANG) - O ministro da Comunicação
Social da Guiné-Bissau, Vítor Pereira, anunciou sexta-feira, em declarações à
agência Lusa, que o Governo guineense recuou na decisão de suspender a
atividade da agência de notícias portuguesa naquele país.
«Não seria justo. Apesar de insistências várias da nossa parte em separar as
duas entidades, que o delegado que viesse para a Guiné não fosse o mesmo
delegado para os dois órgãos ou os três nesse caso. Mas também estivemos a ver
bem e cremos que dada a própria individualidade da Lusa não faz sentido a
metermos na mesma situação com quem temos uma relação acordada em papel»,
explicou Vítor Pereira.
O ministro guineense tinha anunciado sexta-feira a suspensão das atividades da
RTP, da RDP e da Agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a caducidade do acordo
de cooperação no setor da comunicação social assinado entre Lisboa e Bissau.
Em conferência de imprensa, Vítor Pereira informou que a partir da meia-noite de
do dia 30 de junho em Bissau (01:00 em Lisboa) ficavam suspensas todas as
atividades naquele país dos três órgãos portugueses até que o governo de Lisboa
abra negociações para a assinatura de um novo acordo.
Nas declarações à Lusa, o ministro disse também que a decisão de suspender a
RTP e a RDP não é ´fácil´.
«Desde logo por causa dos laços de amizade de cooperação, laços até mais
íntimos que estes que nos ligam a Portugal. Estas decisões, nestas situações em
particular, não são fáceis», afirmou.
Questionado sobre as razões de fundo que levaram à tomada de posição, o
ministro explicou que estão relacionadas com a ´promoção deliberada de
contribuições para denegrir a imagem do país´.
«A isenção quer se queira, quer não, e o contraditório não é garantido por
estas duas organizações (RTP e RDP)», afirmou.
Segundo Vítor Pereira, a Guiné-Bissau vive num ambiente político extremamente
complicado e "várias organizações pedem uma situação de acalmia e promovem
gestos de apaziguamento e pedem aos guineenses que apaziguem os espíritos para
que nós possamos entender".
«Ao contrário disso, sistematicamente estas duas organizações caem-nos em cima
e quando na realidade nós esperamos, e bem, da parte portuguesa que haja a
promoção de entendimentos entre nós, o que nós vemos na RTP e na RDP são
situações de sistematizar o incómodo de quem está no poder com notícias
complicadíssimas e completamente descontextualizadas», afirmou.
Vítor Pereira deu como exemplo um programa que passa durante o período da manhã
na RDP, que na sua opinião, promove o ´insulto, a injúria, o impropério para as
altas figuras do Estado guineense´.
«Isto é muito difícil de engolir e aceitar. Não podemos estar a ouvir apenas um
lado da história. Nunca se ouviu um governante deste governo a ser entrevistado
na RDP, mas o outro lado é constantemente entrevistado. Nós somos
sistematicamente despromovidos», disse.
Para o ministro, há também ´desenquadramentos das próprias afirmações dos
responsáveis´ que promovem o outro lado.
«Há um ano que ando a promover o diálogo com Portugal, mas ninguém me atende,
ninguém me escuta, ninguém me responde, as cartas, fui lá pessoalmente,
implorei, supliquei, as pessoas não me atendem, porquê?», questionou o
ministro.
«Chega a um momento em que as pessoas têm de dizer basta», acrescentou.
O ministro da Comunicação Social da Guiné-Bissau disse também esperar que tudo
não passe de um mal-entendido.
«Estou à espera que as pessoas me digam, mesmo que não se chegue a parte
nenhuma, porque não querem falar comigo, com o Governo guineense», acrescentou.
O ministro sublinhou que pretende o Governo português ´se sente´ com as
autoridades guineenses para conversarem e chegarem a ´bom porto sobre´ o
assunto.
«É o que se pretende. Na Guiné-Bissau que eu saiba a imprensa é livre. Ninguém
é tolhido de exercer a liberdade de imprensa na Guiné-Bissau», disse.
ANG/Lusa
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