Simões Pereira acredita
que o impasse está próximo do fim
Bissau, 22 Ago 17 (ANG) - O impasse político na
Guiné-Bissau poderá estar próximo do fim, abrindo portas para a convocação
do povo guineense às urnas.
A afirmação foi feita por Domingos Simões Pereira, líder do
Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde
(PAIGC), vencedor das últimas eleições legislativas, mas afastado do poder
devido às divergências com o chefe do Estado
guineense, José Mário Vaz, em entrevista exclusiva à DW África.
“É difícil dizer com segurança, mas temos de acreditar.
Penso que em Monróvia a 4 de Junho de 2017 (ocasião da cimeira da CEDEAO)
foi essa a promessa feita pelo senhor Presidente da República, que solicitou um
período de 90 dias para encontrar uma solução. Estamos a menos de 30 dias da
conclusão desse prazo e só podemos esperar que até lá aconteça algo”, sublinhou.
O primeiro-ministro destituído em 2015 por José Mário Vaz assegura que
não parece haver outra alternativa ao Acordo de Conacri, patrocinado pela
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), e que prevê a
formação de um Governo consensual integrado por todos os partidos representados
no Parlamento. O acordo prevê ainda nomeação de um primeiro-ministro de
consenso e da confiança do chefe de Estado, além de outros pontos.
A proposta de realização de eleições, feita antes pelo PAIGC, contínua
válida, admite Simões Pereira, que está em Lisboa de férias, mas também para
relançar o seu programa académico, relacionado com uma tese de doutoramento na
Universidade Católica sobre a construção de um Estado, com recurso ao caso da
Guiné-Bissau.
“Em condições normais, nós devemos ter as próximas eleições legislativas em
Abril de 2018. Estamos em agosto de 2017. Portanto, a ideia da antecipação já
não faz sentido, porque a própria Comissão de Eleições diz que se começassem a
trabalhar hoje teriam que reforçar a sua equipa para realmente poder cumprir os
prazos eleitorais. Não é uma questão de acelerar ou deixar de acelerar”, notou.
Domingos Simões Pereira frisou que a crise no país não teve como
origem as relações pessoais e incompatibilidade entre ele e o actual
Presidente, José Mário Vaz.
“É um problema de respeito às leis. O exercício da democracia tem como
principal pressuposto respeitar as leis. E, nesse exercício, muitas vezes somos
confrontados com situações de menos conforto, e que não correspondem
necessariamente à nossa expectativa e aos nossos interesses”, notou.
Simões Pereira falou ainda sobre os indícios de uma solução
aceitável perante a crise política e institucional na Guiné-Bissau.
“Há alguns indicadores no sentido positivo. A iniciativa das mulheres no
sentido de facilitar esse diálogo. O conjunto de pronunciamentos que têm
acontecido”, frisou acrescentando que há dias houve um pronunciamento do P5
(grupo de organismos internacionais constituído pela CEDEAO, União Africana,
Nações Unidas, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP, e União
Europeia).
De acordo com o ex-primeiro-ministro, a clareza do posicionamento do
Conselho de Segurança das Nações Unidas e de outros organismos internacionais
que acompanham a Guiné-Bissau fazem acreditar que todos convergem e
que não há outra solução senão voltar ao Acordo de Conacri.
ANG/Lusa
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