PM dá ordens de prisão a crianças e jovens apanhados a pedir esmola
Bissau, 09 Ago 17 (ANG) - O primeiro-ministro ,
Umaro Sissoco Embaló, deu ordens ao ministro do Interior para prender e mandar
para as ilhas qualquer criança ou jovem apanhados a pedir esmola na zona
continental do país, nomeadamente talibés.
Foto Arquivo |
A ordem de Sissoco Embaló foi dada recentemente
numa deslocação ao interior da Guiné-Bissau, em visita de contacto com as
populações, mas só hoje está a ser noticiada nas rádios de Bissau.
O talibé é geralmente uma criança do sexo masculino
que pede esmola pelas ruas de Bissau e de algumas cidades do interior por
ordens do mestre corânico.
O primeiro-ministro guineense, muçulmano, disse que
é "uma vergonha" que os pais mandem os filhos "para mendicidade
pelas ruas em nome do ensino do islão".
"A partir de agora, o ministro do Interior tem
ordens para tal: qualquer criança encontrada na rua a pedir esmola será detida
e mandada para as ilhas" (arquipélago do Bijagós), declarou Umaro Sissoco
Embaló, para quem o Islão não recomenda a mendicidade de crianças.
O chefe do governo guineense sublinhou que a ordem
"vale para todas as crianças" mesmo para aquelas de outras religiões,
desde que estejam na mendicidade.
Umaro Embaló exortou os pais que não tiverem
recursos a entregar os filhos ao Estado, como forma de evitar que peçam esmola.
As organizações da proteção de crianças têm
desenvolvido campanhas no sentido de sensibilizar os pais a retirarem os filhos
da mendicidade nas ruas de Bissau e de Dacar, no Senegal, para onde são
enviados, todos os anos, centenas de jovens guineenses.
Entretanto, a Associação de Amigos de Crianças –
AMIC não concorda com a ordem do Primeiro-ministro.
Em declarações à Rádio Nacional, Laudilino Medina
disse que tal decisão viola as leis de proteção de crianças em vigor no pais e
reconhecidas internacionalmente.
Medina referiu que no Senegal as autoridades proibiram a prática de
mendicidade de crianças nas ruas de Dacar, mas que antes criaram centros de
acolhimento e de identificação da origem de todas as crianças afectadas.
“Graças a essa iniciativa muitas crianças da
Guiné-Bissau puderem voltar ao pais e ser reintegradas no seio familiar”,
disse.
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