CASA-CE
queixa-se de casos de delegados de lista retirados do escrutínio
Bissau,
24 Ago 17(ANG) - A direção da coligação angolana CASA-CE,
concorrente às eleições gerais do país, queixou-se quarta-feira de casos de
delegados de lista retirados das mesas de voto durante o escrutínio, mas a
Comissão Nacional Eleitoral (CNE) desconhece a situação.
A posição
foi assumida em declarações aos jornalistas cerca das 21:00, três horas após o
encerramento das urnas nas eleições gerais angolanas, na sede da segunda força
da oposição angolana, pelo secretário executivo nacional da Convergência Ampla
de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Leonel Gomes, que
classificou a situação como uma "violação gravíssima à lei".
"Não
sei como se pretende que um processo destes seja transparente quando não se
pode contabilizar os votos, quando os delegados de lista, que são fiscais em
nome de todos os concorrentes, não podem assistir a essa contagem, quando uma
parte substancial [das mesas] está às escuras, sem energia", acusou.
"Na
CNE - formalmente, oficialmente informada sobre situações factuais que
ocorreram aqui ou ali - não vimos, nem ouvimos. Estamos focados na
monitorização do processo. Esta informação não nos foi veiculada, nem pela
CASA-CE. Aliás, estou a ouvir agora em primeira instância", disse à Lusa a
porta-voz da CNE, Júlia Ferreira.
De acordo
com a CASA-CE, em causa estão as informações que os mais de 40.000 delegados de
lista da coligação estão a enviar para a central de escrutínio paralelo que
aquela força política instalou em Luanda, para monitorizar a contagem e que
está dependente da receção das atas síntese da votação de cada assembleia.
Esse
processo, segundo Leonel Gomes, está a ser condicionado pela receção nesta
central das atas com as votações de vários pontos do país, já que a CASA-CE
relata casos em que os delegados de todas as forças concorrentes (seis) foram
"escorraçadas" das mesas de voto, durante o escrutínio.
"Há
casos no Huambo e em Luanda em que foi a própria polícia a retirar os delegados
de lista", acusou Leonel Gomes.
"Se
isso aconteceu, então talvez seja [devido a] perturbação, que são situações
diferentes. Há um raio de distância que deve ser respeitado e a polícia só
intervém quando há perturbação […]. Se houve situações destas, não temos
relatos factuais, concretos e objetivos. Até agora não temos", reagiu
Júlia Ferreira.
A Lusa
contactou igualmente a direção da UNITA, o maior partido da oposição, que disse
apenas estar a analisar a forma como decorreu o processo eleitoral de hoje,
remetendo para mais tarde uma posição sobre eventuais incidentes.
"Em
termos gerais e um pouco por todo o lado, não temos qualquer relato de
incidentes desta natureza [no processo de votação], muito pelo contrário.
Aquilo que sabemos e temos conhecimento é que tem havido um ambiente de
partilha solidária, não só de informação, como também na forma como cada um dos
delegados de lista, nas mesas de voto, cumpriram o seu papel", disse
ainda, por seu turno, Júlia Ferreira.
A
porta-voz da CNE acrescentou que até ao final da noite todos os delegados que o
queiram vão ter as atas síntese da votação de cada assembleia de voto.
"Aliás,
os presidentes das assembleias de voto têm indicações nesse sentido. E a ata
[da votação] tem de ser afixada na assembleia de voto. É assim que vai
funcionar", concluiu.
ANG/Lusa
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