Xanana Gusmão demitiu-se da presidência da CNRT
Bissau, 04 Ago 17
(ANG) - Xanana Gusmão demitiu-se hoje da presidência do Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT), assumindo responsabilidade pela derrota do partido nas
legislativas timorenses, e defendeu que o partido não deve entrar numa
coligação de governo e deve ser oposição.
"Com um
sentimento de tristeza, mas que não consegue reduzir um orgulho muito profundo
por ter liderado um partido como o CNRT, também eu, obedecendo ao imperativo da
minha consciência, tenho que tomar uma decisão sobre mim mesmo", disse o
até agora líder do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense.
"Demito-me do
cargo de presidente do partido, estando sempre ao dispor desta grande
organização política partidária. Nos próximos cinco anos empenhar-me-ei a
prestar o meu total apoio para a melhoria e consolidação do partido CNRT, que
eu respeito, porque pulsa no meu coração", anunciou.
A demissão de
Xanana, que surpreendeu os dirigentes e militantes do partido, surgiu no final
de um discurso em que fez uma primeira análise à derrota do partido nas
eleições legislativas de 2017.
Depois de ter
estado afastado da vida pública desde a votação - período em que diz ter estado
a fazer uma reflexão sobre as eleições - Xanana Gusmão disse que o voto mostrou
que a população timorense "não confia no CNRT para governar" e quer
"alternância" no Governo.
O CNRT, disse,
deve ser fiel ao seu compromisso e, por isso, Xanana Gusmão defende que a
conferência que decorre até domingo aprove uma resolução em que confirma que
será oposição e não integrará o próximo Governo liderado pela Fretilin.
"O partido
CNRT decide estar no Parlamento Nacional como oposição, querendo, deste modo,
continuar a contribuir no processo de construção do Estado e de construção da
Nação, para consolidar a transição democrática neste país", disse Xanana
Gusmão.
O líder histórico
timorense foi taxativo, afirmando que "o partido não aceitará propostas,
de ninguém, nem convidará nenhum partido para formar coligações, porque não
pretende participar no governo" e que não se vai repetir o que ocorreu em
2007, quando o CNRT foi o segundo mais votado atrás da Fretilin mas "para resolver
a crise que o país vivia", optou por formar uma aliança de maioria
parlamentar.
"Hoje, todos
desfrutamos de um ambiente diferente - um ambiente de paz e estabilidade! Por
esta mesma razão, temos que reconhecer que a situação de 2017 não é a de 2007",
afirmou.
Congratulando a
Fretilin pela vitória nas eleições, Xanana Gusmão disse que durante a campanha
só ouviu "críticas de que o CNRT não tinha capacidade de governar e foi,
por isso, que teve que chamar outros partidos para o ajudar".
"Também ouvimos,
durante todo o mês, que, durante o mandato do CNRT, houve muita corrupção, pelo
que a maioria do povo deixou de confiar no partido", afirmou.
"Este é o
momento certo para a FRETILIN, como o partido vencedor das eleições de 2017,
assumir, e com plena legitimidade, as rédeas do Governo", disse ainda.
A Conferência
Nacional de quadros do partido CNRT decorre sob fortes medidas de segurança,
com os jornalistas autorizados apenas na abertura e todos os participantes a
terem que deixar os telefones no exterior.
"A
conferência é fechada e limitada apenas às estruturas superiores do
partido", explicou à Lusa um dos vice-presidentes do partido, Vergílio
Smith.
Participam no
encontro cerca de 240 conferencistas, incluindo os elementos da Comissão
Política Nacional (CPN) da Comissão Diretiva Nacional (CDN) e das estruturas
máximas ao nível municipal e dos postos administrativos.
A reunião
terminará com uma declaração final, não estando ainda confirmada a realização de
uma conferência de imprensa.
ANG/Lusa
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