Etiópia/ Autoridades pedem população
para defender a capital
Bissau, 03 Nov
21 (ANG) - As autoridades etíopes já pediram aos
habitantes para registarem as suas armas de fogo e se prepararem para ajudar a
defender a capital.
A Etiópia
declarou estado de emergência no país
após tropas da região do Tigray terem conquistado duas cidades próximas da
capital, Adis Abeba.
Os guerrilheiros separatistas da
Frente Popular de Libertação do Tigray reivindicaram, nos últimos dias, a
tomada de duas importantes cidades, Dessie e Kombolcha, segundo avançou a
agência de notícias France Press, no entanto, esta informação ainda não foi
confirmada oficialmente pelo governo etíope.
No caso de se confirmar este avanço dos
líderes rebeldes, abre-se uma nova etapa nesta guerra civil que dura há mais de
um ano no país e que, segundo a ONU, já levou cerca de 400 mil pessoas a uma
situação de fome.
A violência do conflito no Tigray já levou
mesmo a Organização das Nações Unidas a admitir que existem "crimes contra a
humanidade", de que são exemplos ataques contra civis, actos de
tortura, sequestros e violência sexual.
"Existem razões para acreditar que todas as partes em conflito na região
do Tigray cometeram, em vários níveis de gravidade, violações contra
o direito internacional, direito humanitário e direito internacional dos
refugiados, o que pode constituir crimes de guerra ou crimes contra a
humanidade", pode ler-se no relatório da ONU.
O documento é relativo ao período
compreendido entre 3 de Novembro de 2020, altura em que se desencadeou o
conflito no país e 28 de junho, data do cessar-fogo assumido por Adis Abeba.
De salientar que as Nações Unidas têm tido
muita dificuldade em enviar ajuda humanitária para Tigray e já acusaram o
governo central de bloquear o processo, o que levou Adis Abeba a expular 7
quadros da ONU que trabalhavam na Etiópia.
António Guterres, secretário-geral da ONU,
já pediu a "cessação imediata das hostilidades e acesso humanitário sem obstáculos,
para fornecer ajuda vital urgente" ao
país, segundo avançou o seu porta-voz, Stephane Dujarric, em comunicado.
António Guterres está "extremamente
preocupado com a escalada da violência na Etiópia e a recente declaração de
estado de emergência, uma vez que "a estabilidade da Etiópia e da região
está em jogo".
Recorde-se que o conflito na região do
Tigray começou em Novembro de 2020 quando o chefe do executivo etíope,
Abiy Ahmed, decidiu enviar as tropas governamentais para destituir o
governo local liderado pela Frente Popular de Libertação do Tigray.
Esta guerra provocou uma das maiores
crises humanitárias de sempre, que já deixou milhares de refugiados e
deslocados.ANG/RFI
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