G20/África quer entrar e apoio igual ao da pandemia
Bissau, 21 Jul 22 (ANG) - Os ministros das Finanças africanos
defenderam quarta-feira uma nova emissão de Direitos Especiais de Saque pelo
FMI, a entrada permanente para o G20 e o fim das sanções para as exportações de
cereais para África.
Numa carta enviada aos
ministros das Finanças do G20, que reuniram-se em Bali (Indonésia) na semana
passada, os ministros africanos da pasta, em conjunto com a Comissão Económica
das Nações Unidas para África (UNECA), fizeram um apelo aos 20 países mais
industrializados do mundo relativamente a mais alívio da dívida e pintaram um
cenário muito negro sobre as condições económicas dos países africanos.
"O G20 tem de
urgentemente mobilizar todos os mecanismos disponíveis de financiamento para
salvar vidas e fortalecer a estabilidade financeira e social; não podemos ser
mais claros sobre a urgência com que temos de lidar com a crise alimentar, e
pedimos um apoio imediato de liquidez igual à resposta global durante a
pandemia de covid-19 para ajudar a apoiar as nossas economias", lê-se na
carta enviada aos líderes do G20, e a que a Lusa teve acesso.
Assinada pelos ministros
das Finanças do Senegal, Egipto e Ghana, a missiva deixa clara a urgência do
pedido de ajuda e lembra que a situação de crise no continente "não é o
resultado de más decisões macroeconómicas por parte dos países africanos",
mas sim o resultado de três crises sucessivas: covid-19, aumento dos preços dos
alimentos, fertilizantes e energia e subida das taxas de juro, o que tem um
impacto muito significativo na dívida e no enfraquecimento das moedas
africanas.
"Os preços dos
fertilizantes subiram e a falta de disponibilidade ameaça provocar uma crise
alimentar ainda mais a curto prazo, já que muitos agricultores precisam de
reduzir o uso de fertilizantes porque não têm dinheiro para os comprar ou eles
não estão disponíveis", dizem os ministros, acrescentando que "numa
altura em que os países precisam de gastar mais, não têm os recursos
necessários para os fazer, o que faz com que os ganhos de décadas de
desenvolvimento em África estejam ameaçados e o desespero sentido por milhões
de pessoas pode levar a agitação social".
Assim, os governantes
africanos defendem uma nova emissão de Direitos Especiais de Saque por parte do
FMI, no valor de 650 mil milhões de dólares (637 mil milhões de euros), que se
juntam aos 650 mil milhões já emitidos no ano passado, e uma extensão do alívio
da dívida.
"Pedimos aos
membros do G20 que prolonguem a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida
(DSSI) por mais dois anos e reescalonem o pagamento de juros por mais cinco
anos; a DSSI criou um espaço orçamental de 12,9 mil milhões de dólares [12,7
mil milhões de euros] para os países necessitados, e um adiamento destes
pagamentos daria espaço aos países para gerirem esta crise emergente e tratar
das obrigações do serviço da dívida de forma mais ordenada", escrevem os
governantes.
Defendendo um
alargamento dos credores que participam no Enquadramento Comum para além da
DSSI, para incluir os credores comerciais, os ministros escrevem ainda que este
mecanismo deve ser alargado a um conjunto maior de países, incluindo os
"endividados de médio rendimento".
Além de uma aceleração
do processo de transmissão dos DES que os países mais ricos receberam, e que
prometeram canalizar para os mais pobres no valor de 100 mil milhões de dólares
(98,1 mil milhões de euros), apesar de terem entregue menos de metade, a carta
pede ainda o fim das sanções sobre as exportações para África.
"Pedimos ao G20
para trabalhar na reintegração dos cereais ucranianos e dos cereais e
fertilizantes russos nos mercados mundiais e garantir que nenhuma parte que
comercialize estes produtos, especialmente com destino a África, tenha
sanções", escrevem.
O último pedido é a
entrada permanente no G20, com o argumento de que o continente alberga 17 por
cento da população mundial e tem um PIB combinado de 2,7 biliões de dólares
[2,6 biliões de euros], sendo o oitavo bloco mundial: "Ter África como
membro através da União Africana vai fortalecer o G20", concluem.
ANG/Angop
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