Grã-Bretanha/Inicia semana decisiva para a sucessão de Boris
Johnson
Bissau, 18 Jul
22 (ANG) - O segundo debate da corrida
para o posto de Primeiro-Ministro, depois de Boris Johnson ter apresentado a
sua demissão no passado dia 7 de Julho decorreu domingo à noite.
Na corrida estão
cinco candidatos entre os quais se destaca o grande favorito, o antigo Ministro
das finanças Rishi Sunak, cuja respectiva demissão no dia 5 de Julho precipitou
a saída de cena de Johnson alguns dias depois, abalado por uma série de escândalos
dos quais não se levantou.
Depois de um primeiro debate na passada
sexta-feira, os cinco candidatos que continuam em liça para o cargo de chefe do
governo, o antigo titular da pasta das finanças, Rishi Sunak e a sua mais
directa adversária, Liz Truss, Ministra dos Negócios Estrangeiros, assim como a
ex-ministra da Defesa Penny Mordaunt, o ex-secretário de Estado para a
Igualdade, Kemi Badenoch, e o deputado Tom Tugendhat tornaram a digladiar-se
ontem no canal televisivo ITV num debate que girou essencialmente em torno da
perspectiva de se baixarem os impostos, os restantes assuntos tendo passado
para segundo plano. Este é precisamente o aspecto lamentado por Francisco
Bettencourt, professor no King's Colledge de Londres, para quem há um
"afunilar" do discurso político.
"É uma campanha que se está a focalizar quase exclusivamente no
possível corte de impostos. É assim que os outros candidatos se pretendem
distinguir do antigo Ministro das Finanças, Rishi Sunak, e este afunilar do
debate político é preocupante por dois motivos. Primeiro, o Estado social está
em risco porque com o Brexit, o governo teve de retomar um pouco do Estado
Social e com os cortes de impostos, isto vai reduzir dramaticamente o Estado
Social e a população mais pobre vai sofrer. O segundo aspecto que me parece
francamente preocupante é que os outros elementos fundamentais, por exemplo, as
alterações climáticas, as relações internacionais muito agravadas pela guerra
na Ucrânia, tudo isto é referido aqui e ali, mas não são aspectos principais do
debate. E todos vemos agora com estas enormes vagas de calor, o impacto que isto
está a ter nas pessoas, na produção agrícola. Não podemos ter debates
afunilados desta maneira. O futuro da Inglaterra é um futuro que fica bastante
diminuído com este tipo de preocupações políticas e de debates políticos que de
facto estão alheados da realidade", comenta
o professor universitário.
Questionado sobre o desempenho da oposição
neste contexto de crise política, Francisco Bettencourt considera que "o campo
trabalhista tem procurado alargar o debate político, tem procurado atacar
outros problemas que são mais importantes, de carácter económico, social é
climático. Em política, o problema é que tudo se passa por impacto carismático
e resta saber se o líder trabalhista consegue projectar um certo carisma para
obter um resultado eleitoral que lhe permita suceder aos conservadores. Neste
momento, o problema dos conservadores é de facto um afunilamento do debate que
não permite adequadamente enfrentar os problemas sociais que existem no Reino
Unido", conclui o estudioso.
Um terceiro debate que devia decorrer
amanhã acabou entretanto por ser cancelado. Com efeito, ontem, as trocas entre
Sunak e Truss, os dois principais candidatos, chegaram a um tal grau de
violência nomeadamente sobre o dossier fiscal, que ambos desistiram de um novo
face a face por considerar que isto poderia ser prejudicial para a imagem do
seu partido, inviabilizando de facto a realização de um novo debate.
Hoje, amanhã e quarta-feira, os deputados
conservadores vão efectuar uma série de votos eliminando um a um os últimos
candidatos ao posto de chefe do governo. No final deste processo, vão ser
retidos dois finalistas, o nome do futuro Primeiro-Ministro devendo ser
conhecido no dia 5 de Setembro.ANG/RFI
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