segunda-feira, 18 de julho de 2022

     Grã-Bretanha/Inicia  semana decisiva para a sucessão de Boris Johnson

Bissau, 18 Jul 22 (ANG) -  O segundo debate da corrida para o posto de Primeiro-Ministro, depois de Boris Johnson ter apresentado a sua demissão no passado dia 7 de Julho decorreu domingo à noite.

Na corrida estão cinco candidatos entre os quais se destaca o grande favorito, o antigo Ministro das finanças Rishi Sunak, cuja respectiva demissão no dia 5 de Julho precipitou a saída de cena de Johnson alguns dias depois, abalado por uma série de escândalos dos quais não se levantou.

Depois de um primeiro debate na passada sexta-feira, os cinco candidatos que continuam em liça para o cargo de chefe do governo, o antigo titular da pasta das finanças, Rishi Sunak e a sua mais directa adversária, Liz Truss, Ministra dos Negócios Estrangeiros, assim como a ex-ministra da Defesa Penny Mordaunt, o ex-secretário de Estado para a Igualdade, Kemi Badenoch, e o deputado Tom Tugendhat tornaram a digladiar-se ontem no canal televisivo ITV num debate que girou essencialmente em torno da perspectiva de se baixarem os impostos, os restantes assuntos tendo passado para segundo plano. Este é precisamente o aspecto lamentado por Francisco Bettencourt, professor no King's Colledge de Londres, para quem há um "afunilar" do discurso político.

"É uma campanha que se está a focalizar quase exclusivamente no possível corte de impostos. É assim que os outros candidatos se pretendem distinguir do antigo Ministro das Finanças, Rishi Sunak, e este afunilar do debate político é preocupante por dois motivos. Primeiro, o Estado social está em risco porque com o Brexit, o governo teve de retomar um pouco do Estado Social e com os cortes de impostos, isto vai reduzir dramaticamente o Estado Social e a população mais pobre vai sofrer. O segundo aspecto que me parece francamente preocupante é que os outros elementos fundamentais, por exemplo, as alterações climáticas, as relações internacionais muito agravadas pela guerra na Ucrânia, tudo isto é referido aqui e ali, mas não são aspectos principais do debate. E todos vemos agora com estas enormes vagas de calor, o impacto que isto está a ter nas pessoas, na produção agrícola. Não podemos ter debates afunilados desta maneira. O futuro da Inglaterra é um futuro que fica bastante diminuído com este tipo de preocupações políticas e de debates políticos que de facto estão alheados da realidade", comenta o professor universitário.

Questionado sobre o desempenho da oposição neste contexto de crise política, Francisco Bettencourt considera que "o campo trabalhista tem procurado alargar o debate político, tem procurado atacar outros problemas que são mais importantes, de carácter económico, social é climático. Em política, o problema é que tudo se passa por impacto carismático e resta saber se o líder trabalhista consegue projectar um certo carisma para obter um resultado eleitoral que lhe permita suceder aos conservadores. Neste momento, o problema dos conservadores é de facto um afunilamento do debate que não permite adequadamente enfrentar os problemas sociais que existem no Reino Unido", conclui o estudioso.

Um terceiro debate que devia decorrer amanhã acabou entretanto por ser cancelado. Com efeito, ontem, as trocas entre Sunak e Truss, os dois principais candidatos, chegaram a um tal grau de violência nomeadamente sobre o dossier fiscal, que ambos desistiram de um novo face a face por considerar que isto poderia ser prejudicial para a imagem do seu partido, inviabilizando de facto a realização de um novo debate.

Hoje, amanhã e quarta-feira, os deputados conservadores vão efectuar uma série de votos eliminando um a um os últimos candidatos ao posto de chefe do governo. No final deste processo, vão ser retidos dois finalistas, o nome do futuro Primeiro-Ministro devendo ser conhecido no dia 5 de Setembro.ANG/RFI

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