Nigéria/Alterações climáticas provocam mais de 800 mortos em três países africanos
Bissau, 18 Nov 22 (ANG)
– Pelo menos 800 pessoas morreram na Nigéria, no Tchad e no Níger, entre Junho
e Outubro deste ano, devido às cheias e deixaram mais de 1,5 milhões de
refugiados, destruindo zonas urbanas, rurais e regiões agrícolas, segundo uma
análise divulgada na quarta-feira por especialistas climáticos na World Weather
Attribution.
A análise conclui que as
intensas cheias que se fizeram sentir nos três países, foram 80 vezes mais
prováveis do que o habitual devido ao impacto das alterações climáticas.
O estudo, citado pela
Associated Press, comparou dados meteorológicos nas zonas do lago Chade e no
Rio Níger, duas importantes fontes de água na África Ocidental, junto ao Golfo
da Guiné. Os cientistas concluíram que a época de chuvas deste ano foi 20% mais
húmida do que o normal.
O fenómeno acabou por
não ser tão abordado como as inundações devastadoras no Paquistão, que deixaram
um terço do país debaixo de água e motivaram mesmo uma visita do
secretário-geral da ONU, António Guterres.
O responsável vincou no
Paquistão o impacto das alterações climáticas nos fenómenos destrutivos no Sul
Global, sendo que estes países acabam por sofrer mais com a poluição gerada nas
nações mais desenvolvidas.
Sobre as cheias na
Nigéria, o climatologista Friederike Otto, do Colégio Imperial de Londres, que
liderou a investigação, disse à Associated Press que "veremos chuvas muito
intensas na região durante os próximos anos".
Os dados sugerem que,
depois das fortes chuvas do verão passado e com as alterações climáticas a
terem um impacto mais forte a cada ano que passa, as probabilidades da região
que engloba o Tchad, a Nigéria e o Níger ver inundações desta intensidade é de
uma em 10 por ano.
Além dos dados
meteorológicos, o estudo também procurou encontrar uma correlação entre as
secas provocadas pelas alterações climáticas e a redução na produção agrícola
no Sahel (região que consiste nos países que fazem a fronteira entre o deserto
do Saara, a norte, e a savana, a sul). No entanto, a falta de dados destes
países dificultou a investigação.
A cimeira climática
COP27 tem sido marcada por bastantes apelos a uma maior consciencialização dos
países mais desenvolvidos, já que a poluição gerada por estes países está a ter
um maior impacto nos menos desenvolvidos, especialmente em África, onde fortes
inundações e secas severas são cada vez mais frequentes.
ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário