São Tomé e Príncipe/PM diz que país está calmo após tentativa de golpe
Bissau, 25 Nov 22 (ANG) – O primeiro-ministro são-tomense assegurou hoje que a situação no país está “calma” após um ataque ao quartel, esta noite, que causou um ferido grave e várias detenções, e disse esperar “mão firme” da justiça sobre os autores.
“Quero
dizer aos são-tomenses, os que residem no país, e à comunidade estrangeira que
a situação está controlada, está calma”, afirmou hoje o chefe do Governo de São
Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, numa conferência de imprensa para prestar
esclarecimentos sobre o ataque realizado na madrugada desta sexta-feira ao
quartel militar, na capital são-tomense.
O
primeiro-ministro adiantou que “por questões de precaução”, as escolas perto do
quartel estão encerradas.
“Não
se trata de um roubo, não se trata de um furto. Trata-se de um ataque com armas
de guerra às Forças Armadas do país e temos primeiro que resolver esse
problema”, adiantou.
Segundo
o chefe do Governo, a “tentativa de golpe” começou por volta das 00:40 (hora
local, a mesma hora em Lisboa) e “teve o seu desfecho, em termos operacionais,
pouco depois das 06:00”.
Patrice
Trovoada qualificou o caso como “de extrema gravidade”, mas quis deixar uma
mensagem de tranquilidade: “As Forças Armadas têm a situação sobre controlo”.
É
necessário, salientou, “um pouco de prudência” e “a colaboração por parte da
população”.
“Espero
que a justiça faça o seu trabalho, São Tomé e Príncipe não merece todos estes
problemas. O povo é soberano, o povo escolheu essa equipa para conduzir os
destinos” do país, salientou.
Depois
de as Forças Armadas terminarem as “operações preliminares de investigação,
porque tudo indica que houve alguma cumplicidade no seio do quartel”, será “o
momento de a Justiça, a Procuradoria [Geral da República], a Polícia
Judiciária, entrarem em acção”.
“Queremos
o apuramento total da verdade. Não é a primeira vez que sofremos tais situações,
a última foi durante o meu [anterior] mandato, em 3 de Agosto de 2018”, disse,
aludindo a uma alegada tentativa de golpe, na qual foram detidos três alegados
mercenários espanhóis, a pouco mais de um mês das eleições legislativas, e que
foram libertados pouco depois, sem acusações.
Segundo
o primeiro-ministro, “tudo indica” que o ataque desta noite ocorreu “a mando de
algumas personalidades” e anunciou a detenção do ex-presidente da Assembleia
Nacional Delfim Neves e de Arlécio Costa, antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’
que foi condenado em 2009 por uma alegada tentativa de golpe de Estado.
“Espero
que desta vez a justiça vá até ao fundo, que toda a gente conheça a verdade e
que os criminosos sejam trazidos à justiça, que sejam julgados e que a justiça
tenha uma mão firme, forte, porque é inadmissível que em democracia as pessoas
queiram controlar, usurpar o poder à força”, sublinhou.
“Certos
indivíduos não se conformam com a vontade das urnas e do povo soberano e
mancham assim o país, tentando minar todo o esforço que o actual Governo está a
tentar fazer para recuperar a nossa economia e tentar trazer o melhor para as
nossas populações”, criticou.
O
primeiro-ministro adiantou que foram detidos os quatro atacantes, “ligados ao
famoso e triste grupo dos ‘Búfalos'”, que entraram no quartel, aparentemente
com o intuito de se apoderarem de mais armas, mas que no exterior se
encontravam mais elementos, em carrinhas, e que trocaram fogo com os militares.
Destes
elementos, esclareceu, não foram todos “neutralizados”, continuando a decorrer
operações no terreno.
Do
ataque resultou ainda um ferido grave, que identificou como “tenente Marcelo” e
que “foi feito refém e foi barbaramente agredido, mas a sua vida não corre
perigo”.
Patrice
Trovoada, líder da Acção Democrática Independente (ADI), assumiu há duas
semanas o cargo de primeiro-ministro, pela quarta vez, na sequência da vitória
com maioria absoluta nas legislativas de 25 de setembro.
Delfim
Neves, que se candidatou com o recém-criado Basta, foi um dos dois eleitos para
o parlamento por este movimento. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário