Aministia Internacional/Execuções por pena de morte com maior aumento em 5 anos
Bissau, 16 Mai 23(ANG) – A execução da pena de morte registou o maior aumento em cinco anos em 2022, com 883 casos em 20 países, anunciou hoje a organização não-governamental (ONG) Amnistia Internacional (AI).
Trata-se
de um aumento de 52,5% relativamente às 579 execuções registadas em 2021, e o
maior aumento desde 2017, quando foram confirmadas 993.
A
China mantém-se como o país com mais execuções, embora se desconheça o número,
disse a AI no relatório anual sobre pena de morte.
“A
verdadeira dimensão do uso da pena de morte neste país [China] permanece
desconhecida, dado que esta informação continua classificada como um segredo de
Estado”, afirmou.
A ONG
com sede em Londres coloca o número de execuções na China na ordem dos
milhares.
À
excepção da China, as execuções confirmadas ocorreram no Irão (576, pelo
menos), Arábia Saudita (196), Egipto (24) e Estados Unidos da América (18).
A ONG
também confirmou execuções no Iraque (11, pelo menos), Singapura (11), Kuwait
(7), Somália (6, pelo menos), Sudão do Sul (5, pelo menos), Palestina (5), Iémen
(4, pelo menos), Bangladesh (4), Myanmar (4), Bielorrússia (1) e Japão (1).
A AI
mencionou ainda Afeganistão, Coreia do Norte, Síria e Vietname como países onde
ocorreram execuções, mas sem informações que permitam indicar um número.
Nestes
casos, como no da China, a ONG contabiliza duas execuções para os cálculos
globais, pelo que o total é de 883 no ano passado.
Em
2022, excluindo a China, 93% das execuções ocorreram no Médio Oriente e no
norte de África.
As
196 execuções ocorridas na Arábia Saudita são o número anual mais elevado no
país em 30 anos, segundo a AI.
A ONG
registou a execução de 13 mulheres em 2022, das quais 12 no Irão e uma na
Arábia Saudita.
Os
crimes relacionados com droga foram responsáveis por 225 execuções no Irão, 57
na Arábia Saudita e 11 em Singapura.
Segundo
a AI, “as autoridades iranianas continuaram a utilizar a pena de morte como
instrumento de repressão política e a executar de forma desproporcionada
membros de minorias étnicas”.
Em
2022, ocorreram pelo menos duas execuções públicas no Irão e uma no
Afeganistão.
Os
métodos usados a nível global foram a decapitação, o enforcamento, a injecção
letal e o fuzilamento.
O
relatório “não inclui dados relativos a execuções extrajudiciais”, abrangendo
apenas a aplicação judicial da pena de morte.
Apesar
do aumento de execuções, a ONG considerou que “o mundo fez progressos notáveis
no sentido da abolição”.
Até
31 de Dezembro de 2022, cerca de três quartos dos países tinham abolido a pena
de morte “na lei ou na prática”.
A
pena capital não vigora em 112 países, incluindo Portugal, que a aboliu para
crimes civis em 1867.
Brasil,
Burkina Faso, Chile, El Salvador, Guatemala, Guiné Equatorial, Israel, Peru e
Zâmbia aboliram a pena de morte para crimes comuns e mantêm-na para crimes
excepcionais, embora não a apliquem há mais de 10 anos.
A ONG
contabiliza também países “abolicionistas na prática”, por não terem registado
execuções nos últimos 10 anos, ou mais.
São
também assim considerados os países que “têm uma política ou prática de não
efectuar execuções”, apesar de manterem a pena de morte para crimes comuns,
como o homicídio.
Estão
neste caso Algéria, Brunei, Camarões, Coreia do Sul, Eritreia, Essuatíni, Gana,
Granada, Laos, Libéria, Malawi, Maldivas, Mali, Mauritânia, Marrocos/Saara
Ocidental, Níger, Quénia, Rússia, Sri Lanka, Tajiquistão, Tanzânia, Tonga e
Tunísia.
Mais
de 90 países mantêm a pena de morte para crimes comuns, incluindo Estados
Unidos, Bielorrússia, China, Cuba, Egipto, Índia, Indonésia, Jamaica, Japão,
Líbano, Nigéria, Sudão, Uganda, Tailândia ou Zimbabué. ANG/Inforpress/Lusa
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