PAICV perde eleições em Cabo Verde e sai do poder
após 15 anos
Bissau, 21 Mar 16(ANG) - O Movimento para a
Democracia (MpD) venceu as eleições legislativas de domingo em Cabo Verde em
todos os círculos eleitorais do arquipélago, interrompendo um ciclo de três
maiorias absolutas consecutivas do Partido Africano da Independência de Cabo
Verde (PAICV).
Ulisses Correia e Silva |
Quando estão apurados os
resultados de 1.153 das 1.241 mesas e falta a eleição dos seis deputados que
representam as comunidades no estrangeiro, o MpD, liderado por Ulisses Correia
da Silva, conseguiu 37 dos 72 assentos parlamentares, menos um do que o total
de deputados que o PAICV conseguiu na sua maioria absoluta de 2011.
O PAICV elegeu 26 deputados
e a União Cabo-Verdiana Democrática e Independente (UCID) três.
Em termos de votos
expressos, o MpD conseguiu em Cabo Verde 119.401 votos (53,7por cento), o PAICV
82.246 (37 por cento) e a UCID 15.438 (6,9 por cento).
Em 2011, a diferença de
votos entre o partido vencedor (PAICV) e o derrotado (MpD) foi de cerca de 23
mil votos, sendo que nestas eleições, quando ainda faltam apurar os votos da
diáspora, o MpD tem já uma vantagem de 37 mil.
O MpD tira assim do poder o
PAICV, que governou Cabo Verde nos últimos 15 anos, sob a liderança de José
Maria das Neves.
O resultado das eleições de
domingo é surpreendente, porque apesar de não haver sondagens independentes,
havia dados que apontavam que nenhum dos partidos conseguiria maioria absoluta.
De acordo com os dados
oficiais, a abstenção foi de 33,4por cento, acima dos 23,9 por cento das
últimas legislativas.
O MpD ganhou em todos os
círculos eleitorais, sendo a vitória mais significativa a conquista de três
deputados na ilha do Fogo, tradicional bastião do PAICV.
A líder do PAICV, Janira
Hopffer Almada, reconheceu a derrota e felicitou o líder do até agora principal
partido da oposição (MpD).
Em declarações à imprensa,
Janira Hopffer Almada disse que "respeita o veredicto do povo" e que
nos próximos dias vai convocar o Conselho Nacional do partido para analisar os
resultados.
Assumiu "as
responsabilidades da derrota", prometendo fazer uma "oposição
construtiva".
Por seu lado, o presidente
do MpD e futuro Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, dedicou a vitória a
todos os cabo-verdianos e prometeu começar a trabalhar "imediatamente para
pôr o país na rota do crescimento económico".
"A minha primeira
tarefa será pôr de pé um programa de emergência para podermos dar respostas
concretas aos problemas que os cabo-verdianos sofrem neste momento e à
expectativa que foi criada", disse Ulisses Correia e Silva durante o
discurso de vitória, na sede nacional do MpD, na cidade da Praia.
Ulisses Correia e Silva, que
falou tendo como som de fundo os efusivos festejos dos militantes do MpD que
enchiam as ruas junto à sede do partido, considerou que "esta é uma
vitória para começar um novo ciclo, um ciclo de novas soluções" para Cabo
Verde.
O futuro Primeiro-ministro
reforçou também os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral de que
governará para todos os cabo-verdianos e agradeceu à todas as ilhas pela
"grande vitória", deixando uma saudação especial à ilha do Fogo, onde
o MpD venceu pela primeira vez.
O líder do MpD seguiu depois
para a zona da Quebra Canela, reabilitada durante os seus mandatos na câmara da
Praia, para festejar a vitória com os apoiantes.
Já o líder da UCID, terceira
força política mais votada, reconheceu que o partido falhou o objetivo de
acabar com a bipolarização partidária em Cabo Verde.
"A UCID não evitou a
maioria absoluta. É nosso entendimento que funcionou a lógica do voto útil. Os
eleitores, com medo de terem o PAICV mais uma vez no poder, resolveram, de uma
maneira forte, votar no MpD, 'prejudicando' a UCID", reagiu António
Monteiro, no domingo à noite, na sede do partido na ilha de São Vicente.
A União Cabo-verdiana
Independente e Democrática (UCID) elegeu três deputados ao parlamento, mais um
do que em 2011, todos pelo círculo eleitoral de São Vicente.
Mesmo assim, António
Monteiro disse que foi uma derrota para a UCID, que ambicionava conseguir os
cinco deputados necessários para constituir um grupo parlamentar.
ANG/Lusa
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