Carmen Pereira qualifica de "provocação" sua notificação pelo Ministério Público
Bissau,21 Mar 16(ANG) - A
ex-combatente guineense e dirigente histórica do PAIGC, Carmen Pereira,
classificou hoje como uma "provocação" o facto de ter sido notificada
pelo Ministério Público para esclarecer o uso de apoios do Estado em
tratamentos médicos.
Carmen Pereira |
"Acho que é uma
provocação. Porquê? Dei a juventude ao partido e à luta de libertação
nacional", referiu a veterana Carmen Pereira, uma das mais célebres
combatentes pela Liberdade da Pátria e único membro vivo da primeira mesa da
Assembleia Nacional Popular (ANP), o parlamento guineense.
A dirigente do Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Setembro
completa 80 anos, explicou aos jornalistas, em sua casa, em Bissau, que o
Ministério Público está a colocar em causa o seu direito de acesso ao apoio
para tratamentos fora do país.
A notificação dirigida
também a outros beneficiários, datada de Dezembro, mas só entregue na
quinta-feira, dá-lhe 20 dias para prestar declarações.
Carmen Pereira rejeita
quaisquer suspeições e acrescenta: "Não pensei que um dia chegaria a este
ponto".
Fonte ligada ao processo e
próxima da veterana referiu que estão em causa cerca de 3.000 euros de apoios,
cuja atribuição está prevista na lei.
A missiva do Ministério
Público surge após outras notificações igualmente contestadas pelos visados,
nomeadamente, alguns membros do Governo do PAIGC que têm sido chamados a
prestar declarações desde Janeiro.
Entre eles está o ministro
das Finanças, Geraldo Martins, também a propósito da autorização de apoios
médicos - entre os quais, aquele atribuído a Carmen Pereira -, declarando o
governante estar de "ficha limpa".
Contactado pela agência
Lusa, o Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau Sedja Man, disse hoje
desconhecer a notificação à ex-combatente pela independência do país.
Em todo o caso, rejeita o
termo "provocação", sublinhando que "ninguém está acima da
lei", referindo-se também às críticas feitas por outros visados.
Há processos que já estavam
em curso "antes de eu chegar", acrescentou.
Garantiu ainda que não há
qualquer "perseguição" feita com base em notificações.
Sedja Man foi nomeado a 23
de Novembro de 2015 pelo Presidente da República, José Mário Vaz, em
substituição de Hermenegildo Pereira, numa altura em que já tinha eclodido uma
crise política no país.
ANG/Lusa
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