Crescimento nos países lusófonos limitados pela elevada
dívida pública
Bissau,15 Dez 17 (ANG) –
A analista de assuntos econômicos com pelouro de África nas Nações
Unidas,Helena Afonso,considerou terça-feira que nos maiores países lusófonos a
elevada dívida pública é um dos constrangimentos a um maior crescimento econômico.
Em declarações à Lusa no
seguimento da divulgação, na segunda-feira,do mais importante relatório econômico
anual das Nações Unidas,Helena Afonso sustentou que no caso do Brasil, a maior
economia lusófona, “permanecem desequilíbrios macroeconômicos significativos,
particularmente relacionados ao alto nível da dívida pública” e com a incerteza
política.
Em Angola, a maior
economia lusófona em África, a dívida pública ronda os 65 por cento este ano,tendo
subido cerca de 20 pontos percentuais nos últimos anos, fruto da descida do
preço do petróleo e do recurso ao endividamento para compensar a consequente
quebra de receitas.
“Além de dependência da
produção de petróleo,existem outros entraves a um maior crescimento, tais como
baixa liquidez cambial, défice e inflação elevadas”,vincou a analista
portuguesa a trabalhar em Nova Iorque.
Em Moçambique, a dívida
pública é um dos mais significativos entraves ao crescimento econômico, já que
o país está em incumprimento financeiro e num impasse com o Fundo Monetário Internacional
(FMI) relativamente à divulgação total de uma auditoria feita a empréstimos de empresas
públicas contraídos de forma secreta.
‘O peso da dívida pesará
na confiança dos investigadores e o défice e inflação elevadas limitarão um
crescimento maior do PIB”,vaticinou Helena Afonso.
“ O progresso nas
negociações de paz e estabilização contribuíram para o crescimento em 2017,mas
no futuro o crescimento manter-se-á limitado porquanto as negociações não sejam
concluídas com sucesso”,acrescentou, notando ainda que, “o crescimento futuro
mantém-se dependente também do preço das matérias-primas, em particular do
preço do carvão e gás.
Numa breve análise aos
restantes países do universo da lusofonia, a analista com o pelouro africano
nas Nações Unidas disse que “em São Tomé e Principe, o PIB deverá seguir numa
média pouco acima de 5 por cento em 2018-2019,baseando em investimento público
em infraestruturas e nos sectores do turismo, construção e agricultura”.
Em Cabo-Verde a expansão econômica
de 4 por cento será “apoiada pelo turismo e pelos envios de remessas de emigrantes,
que beneficiam ambos de condições globais mais benignas”.
A Guiné Equatorial, o
mais recente membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP),”deverá continuar em recessão no período 2018-2019 à medida que se
ajusta ao menor preço do petróleo desde 2014 e a um nível mais baixo de
produção de petróleo”, pelo que precisa de “ aumentar as receitas de sectores
que não o dos hidrocarbonetos e reduzir o défice fiscal para manter a
estabilidade macroeconómica”.
Sobre a Guiné-Bissau, Helena
Afonso notou que o crescimento deverá manter-se em torno dos 5 por cento devido
ao “preço elevado da castanha de caju, no entanto,a incetreza a nível político
e um ambiente de investimento difícil irão conter um crescimento maior”.
O relatório da Nações
Unidas sobre a Situação Mundial e Perspectivas Econômicas (WESP) defende que o
crescimento global de 3 por centro,o maior desde 2011,deve fazer os decisores
políticos apostarem em termos de longo prazo.
“Aperspectiva de evolução
para África permanece sujeita a vários riscos” internos e externos, refere o
documento sobre o continente africano.
A descida dos “ratings”
das exportações ou uma inversão do crescimento dos preços das matérias-primas
são alguns dos factores que ´podem fazer diminuir o Investimento Directo
Estrangeiro e as remessas dos emigrantes,o que pode ameaçar o fôlego da retoma,
notam os analistas das Nações Unidas.
Internamente,concluem,os
maiores riscos para os países africanos,que deverão crescer 3,5por cento e 3,7
por cento nos próximos dois anos, estão
na ausência de políticas de ajustamento aos preços mais baixos das
matérias-primas. ANG/Lusa
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