APU-PDGB apela ao Presidente da
Republica da Guiné-Bissau que “encurte” mandato
Bissau, 23 Out 18 (ANG) - A Assembleia
do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) apelou hoje ao
Presidente da República, José Mário Vaz, que encurte o seu mandato para
"viabilizar economicamente o país".
"Se as eleições não forem
realizadas em 18 “de Novembro”, nós convidamos o Presidente da República a encurtar
o seu mandato, para que possa ser possível a realização das eleições
legislativas e presidenciais", disse o secretário nacional do APU-PDGB,
Juliano Fernandes, numa conferência de imprensa, em Lisboa, na qual demonstrou
ainda o desagrado com a situação do recenseamento na Guiné-Bissau.
Juliano Fernandes justificou a posição
com o facto de se realizarem duas eleições distintas com alguma proximidade.
"Há o risco agora das eleições
legislativas passarem para 2019 e, porventura, de virmos a realizar as eleições
em finais de Janeiro, Fevereiro ou até Março", admitiu Juliano Fernandes,
acrescentando: "E dois ou três meses depois, estamos a realizar eleições
presidenciais".
O secretário nacional do APU-PDGB,
partido sem assento parlamentar, acredita que este é um cenário complicado,
porque não acredita que "o país tenha” condições para os dois sufrágios em
datas próximas.
Para o representante deste partido, o
encurtamento do mandato presidencial e a realização em simultâneo de eleições
legislativas e presidenciais permitem que se "viabilize economicamente o
país" e se "potencie os recursos existentes".
Segundo este responsável do APU-PDGB, o
chefe de Estado tem "uma quota importante de responsabilidade" no
processo de recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau, que tem enfrentado várias
dificuldades e que comprometem a realização das eleições em 18 de Novembro.
O secretário nacional adiantou que o
Presidente da República afirmou que o
país dispunha de recursos próprios para sustentar a eleição, dispensando ajuda
externa, o que não se verificou.
O actual Governo, chefiado por Aristides
Gomes, foi empossado por José Mário Vaz em Abril, tendo como objectivo a
organização das eleições legislativas.
"Quando o primeiro-ministro foi
empossado e não encontrou dinheiro, deveria ter dito ao Presidente da República
(...), porque sabia que sem este dinheiro não iria preencher as
condições", sublinhou Juliano Fernandes.
O recenseamento eleitoral na
Guiné-Bissau deveria ter decorrido entre 23 de agosto e 23 de setembro, mas
atrasos na recepção dos 'kits' para registo biométrico dos cidadãos obrigou a
que o processo só tivesse início em 20 de setembro.
Recentemente, a ministra da
Administração Territorial, Ester Fernandes, anunciou que o recenseamento iria
decorrer no prazo previsto por lei, 60 dias, ou seja, deverá terminar em 20 de
novembro, dois dias depois da data prevista para as legislativas.
O membro do APU-PDGB espera que o
Governo se responsabilize pela falha.
"De finais de abril até 18 de
novembro, se o Governo tivesse cumprido o seu papel, tivesse respeitado o seu
mandato, tinha estado em condições de realizar as eleições em 18 de
novembro", apontou.
"Cabe ao Governo vir dizer por que
é que não conseguiu, quais são as razões e os fundamentos de ter deixado cair
os prazos", acrescentou, considerando que "a forma como o processo
está a ser conduzido, só irá beneficiar o partido que tem no Governo a pasta da
administração territorial".
Para Juliano Fernandes, a solução está
num "recenseamento de raiz", pois só assim permite "contornar
todos os percalços que se registaram até agora".
ANG/ Lusa
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