terça-feira, 12 de julho de 2022

 São Tomé e Príncipe/Falta de recenseamento para eleições legislativas  exclui "7 a 8 mil jovens"

Bissau, 12 Jul 22 (ANG) -As eleições legislativas de 25 de Setembro em São Tomé e Príncipe podem excluir 7 a 8 mil jovens e quem mudou de casa desde as eleições presidenciais, segundo o activista Óscar Baía relata em entrevista à RFI.

São Tome e Príncipe celebra hoje o quadragésimo sétimo aniversário da sua independência, com o país a preparar-se para eleições legislativas em Setembro.

Oscar Baía, ativista e analista são-tomense, diz em entrevista à RFI que há sete ou oito mil jovens no país que não vão poder votar caso não se realize um novo recenseamento eleitoral, algo a que a Comissão Eleitoral Nacional se opõem, muitos jovens serão excluídos do escrutínio.

"O recenseamento eleitoral feito há um ano não dá para contemplar cerca de 7 ou 8 mil jovens que ganharam direito de eleger e serem eleitos para as eleições de 25 de Setembro, houve um pecado imperdoável por parte da Assembleia Nacional, não obstante que o Presidente da República já prevendo esta situação, ter convocado as eleições com seis meses de antecedência", disse Óscar Baía.

Quanto ao resultado destas eleições, o activista e antigo deputado considera que não haverá uma maioria absoluta devido à aparição de novos partidos na cena política e esperando que não seja feito um Governo de coligação, com os acordos para uma maioria a passarem pela Assembleia.

"A expectativa é que a próxima Assembleia Nacional tenha mais cores políticas e nestas eleições, há partidos que estão a pedir a maiora absoluta, eu não acredito [...] que haverá maioria absoluta, porque há novos partidos. O que se espera é uma nova geringonça, mas eu espero que não havendo, o partido maioritário consiga convencer com acordos de incidência parlamentar e governe sozinho", indicou o activista.

Quanto à escassez que já se sente em muitos países devido à pandemia de covid-19 e ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia, Óscar Baía relata que a nível dos combustíveis se vai começar a fazer sentir.

"O fornecimento de energia está a ser a conta-gotas porque o fornecimento de combustível à unica empresa de electricidade que temos no país é feito contra dinheiro porque a empresa não tem condições porque o Estado deve à empresa, o fornecedor tem de ter garantias daí que ja se começa a sentir alguma escassez", explicou.

Também na alimentação, já se sentem alguns impactos.

"Em termos de alimentos, ainda vamos aguentando, não há ruptura de stocks. Sobretudo no que diz respeito aos cereais, em que a Ucrânia e a Rússia são os principais exportadores, muito brevemente começaremos a sentir. O preço do pão, embora não se tivesse aumentado o preço do pão, mas diminuiu-se consideravelmente o tamanho do pão", indicou.

Para o futuro do país, no 47º aniversário da independência, Óscar Baía diz que São Tomé e Príncipe precisa de "uma refundação democrática". 

ANG/RFI

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