Senegal/UA pede solidariedade com
empréstimos ao BM
Bissau, 08 Jul 22 (ANG) - O presidente do Senegal e presidente
em exercício da União Africana (UA), Macky Sall, defendeu, quinta-feira, junto
do Banco Mundial (BM) que os empréstimos concessionais não deviam entrar no
cálculo dos níveis de dívida pública dos países africanos.
"Perante as nossas urgências e prioridades, coloca-se a
questão da utilização óptima do financiamento dado pela Associação Internacional
de Desenvolvimento, os nossos países necessitam de um espaço orçamental
adequado para levar a cabo as suas políticas de resiliência e recuperação
económica", disse Macky Sall, acrescentando que as especificidades de
África, como os elevados gastos militares destinados a "garantir a
soberania territorial" têm de ser tidos em conta.
"Gostava de pedir,
em nome de todos os chefes de Estado, a todos os membros da IDA que não
considerem o uso destes recursos concessionais como dívida, e isto melhorará
significativamente o nível do défice", disse o Presidente senegalês, na
abertura oficial do processo de reabastecimento do fundo da IDA destinado aos
países mais frágeis e pobres.
Na intervenção na reunião
que decorreu em Dacar, a capital do
Senegal, e que decorreu a seguir à do director de operações do BM, Macky Sall
disse também que é preciso "enfrentar a realidade e não aplicar receitas
universais, porque aqui nada é universal, as situações são muito diferentes".
Como exemplos apresentou
a situação de insegurança que muitos países africanos enfrentam, e que obriga a
desviar até 25% dos orçamentos para combater o terrorismo interno e grupos
armados que ameaçam a autoridade do Estado.
O encontro, que reúne
vários chefes de Estado africanos, incluindo o Presidente da Guiné-Bissau e os
primeiros-ministros de Cabo Verde e da Guiné Equatorial, marca o pontapé de
saída oficial do processo de reabastecimento deste fundo do BM destinado a
apoiar os países mais pobres, e que decorre desde este mês até 2025, com o
objectivo de angariar 93 mil milhões de dólares (91,2 mil milhões de euros),
dos quais 23,5 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) virão de
doadores internacionais.
"O ponto de partida
deste reabastecimento é a ambição de fazer crescer as economias de forma
inclusiva e sustentável, criar emprego e garantir que o capital humano é
melhorado", disse o director de operações do Banco Mundial, chamando a
atenção para a diferença fundamental relativamente a este processo de
reabastecimento fundo, o 20.º desde a sua criação, em 1960.
"A grande diferença
neste processo de IDA20 é que os chefes de Estado chamaram para si uma
participação directa nas negociações e também por isso decidimos que o IDA19
devia durar apenas dois anos, e não três, como habitualmente, devido à
magnitude das crises e das necessidades que os países enfrentam", disse
Axel van Trotsenburg.
A IDA foi criada em 1960
para lidar com os desafios na Ásia, particularmente na Índia, mas nos últimos
anos o foco tem-se movido para África; em 2000, cerca de 15% dos recursos eram
canalizados para África, mas as necessidades de financiamento foram subindo e
no ano passado o continente recebeu quase metade do total de financiamento
disponível para os países mais frágeis, a rondar os 100 mil milhões de dólares,
cerca de 98 mil milhões de euros.
"Neste próxima
ronda de negociações, dos 93 mil milhões de dólares, cerca de 70% irão para
África", concluiu Alex van Trotsenburg. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário