segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Justiça/Direção do SMMP de Portugal  solidária com presidente do SMM Público da Guiné-Bissau suspenso das suas funções

Bissau, 14 Nov 22 (ANG) -  A Direção do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público de Portugal (SMMP), manifesta sua solidariedade com o Sindicato Nacional dos Magistrados do Ministério Público da Guiné-Bissau (SINAMP) e  seu presidente, suspenso das suas funções e impedido de auferir seu vencimento, por ter acusado ao Procurador Geral da República, Bacar Biai de usurpação de poderes no caso de suspensão de uma magistrada.

A informação consta numa nota  do SMMP, que acusa Biai de  violação do direito sindical datado do dia 12 do mês corrente do ano em curso, assinado pelo seu diretor, Adão Carvalho, à que a ANG teve acesso hoje.

A nota refere que a liberdade sindical é, desde longa data, assumida como uma dimensão dos direitos humanos, reconhecida pelos diplomas internacionais do maior relevância do sistema internacional,. desde Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declaração sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT, aos Pactos, passando pelas Convenções 87 e 98 da Organização Internacional de Trabalho, que  diz que nenhum líder sindical deve ser perseguido ou objeto de represálias por ter atuado no exercício das suas funções e na defesa dos seus associados.

Segundo a nota, numa investigação conduzida pela Policia Judiciária da Guiné-Bissau, sobre o tráfico de estupefacientes, algumas testemunhas terão mencionado o envolvimento do Procurador Geral da República e alguns magistrados do Ministério Público no alegado  crime.

O Procurador Geral da República decidiu à revelia das normas estatutárias em vigor e usurpando os poderes do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público, suspender de sua função uma Magistrada do Ministério Público ligada à investigação.

Perante os factos a direção nacional de SINAMP da Guiné-Bissau decidiu mandatar o seu presidente para emitir uma nota à imprensa de  denúncia clara e inequívoca de usurpação de poderes por parte do Procurador Geral.

Ainda refere a nota que, na sequência de tal denúncia  o presidente de SINAMP foi suspenso do exercício das suas funções enquanto magistrado e bloqueado o seu vencimento por parte do Procurador Geral da República, o que constitui, para além de uma usurpação de poderes por parte deste, uma violação grave da liberdade de expressão e da liberdade sindical, que não pode deixar de ser denunciada.     

"A atuação do Procurador Geral da República é a todos os níveis censurável, porque constitui uma clara violação da autonomia do Ministério Público naquele país e da independência dos magistrados, ao agir disciplinarmente em clara usurpação de funções do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público, referiu a nota.."

A direção dos magistrados do Ministério Público de Portugal, para além de manifestar a suas solidariedade com o presidente do SINAMP da Guiné-Bissau, exige que  seja reposta a legalidade e o Estado de direito, e que sejam apuradas as devidas consequências em relação ao Procurador Geral da República da Guiné-Bissau. ANG/MI//SG 

 

 

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