Angola/ Greve geral na função pública arranca com ameaças
Bissau, 20 Mar 24 (ANG) - Os trabalhadores angolanos do sector público iniciaram, esta quarta-feira, uma greve geral de três dias, mas que está a ser marcada por supostas ameaças dos gestores.
A classe lamenta a posição da tutela por não ter
apresentado, durante as várias rondas negociais, propostas concretas em relação
ao caderno reivindicativo.
As centrais sindicais angolanas ameaçam levar a tribunal as
Instituições públicas que estão a intimidar os trabalhadores por aderirem à
greve geral da função pública, que arrancou hoje e termina na sexta-feira, 22
de Março.
O movimento sindical adverte que os protestos são por várias
fases, sendo que a segunda vai de 22 a 30 de Abril e a terceira de 3 a 14 de
Junho, devido à falta de resposta das questões relacionadas com a melhoria
salarial e de trabalho.
Mas, face às denúncias de intimidação, Admar Jinguma, um dos
porta-vozes dos trabalhadores angolanos, diz que a classe está a monitorar
todas as informações sobre as possíveis ameaças, mas adverte que o gestor
público que for apanhado a coagir ou ameaçar um trabalhador vai sentir a mão
pesada do tribunal.
“Essas violações
não são novas. Ninguém pode ser coagido e ninguém pode ser molestado por aderir
a uma greve lícita, legal, como esta que é a nossa. E sempre que isto ocorrer,
pode-se recorrer a um tribunal. Nós orientamos os trabalhadores a registarem
essas ameaças, enfim, para depois levarmos a tribunal. Agora, se o tribunal vai
fazer alguma coisa, isso já caberá ao tribunal, mas nós temos o dever de
proceder às devidas queixas”, avisou Admar Jinguma.
Segundo o pedagogo, os trabalhadores não tiveram outra saída
senão a greve, pois durante muito tempo, a tutela não apresentou propostas
concretas, preferindo fechar-se em copas perante a situação.
“Nós declaramos a
greve [por] onze dias, depois serão oito dias a mais do que a lei estabelece,
para permitir que neste espaço houvesse alguma possibilidade de entendimento e
essa possibilidade tinha quer vir do Governo. Até ontem [terça-feira], não
tendo havido nenhuma sinalização neste sentido, no entanto, o governo não nos
deu outra alternativa, ou seja, é como se tivesse dito (…) vamos lá a ver se
vocês vão à greve. Vamos lá ver que tipo de greve vocês terão”, revelou o também secretário-geral do Sindicato Nacional dos
Professores, Sinprof.
Entretanto, partidos políticos e várias organizações da
sociedade civil apoiam a iniciativa das centrais sindicais, assim como o MPLA,
partido no poder em Angola, que se solidariza com os trabalhadores, mas alega
que a proposta do aumento salarial não é possível de ser atendida porque pode
afectar as finanças públicas.
Os trabalhadores reivindicam, nomeadamente, um salário mínimo de
100 000 kwanzas, o equivalente a cerca de 110 euros. Trata-se de um valor muito
abaixo do inicialmente pedido de 245 000 kwanzas, o equivalente a 270 euros,
porém o governo continua a descartar, nesta fase, essa exigência. ANG/RFI
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