ONU/Sudão enfrenta "uma das
piores catástrofes humanitárias de que há memória recente"
Bissau, 21 Mar 24 (ANG) - O Sudão, depois de quase um ano de guerra civil, está a conhecer "uma das piores catástrofes humanitárias" da história recente, alertou hoje uma responsável da ONU denunciando a ausência de resposta da comunidade internacional.
"De todos os pontos de vista, a dimensão das necessidades
humanitárias, o número de pessoas deslocadas e ameaçadas de fome, o Sudão é uma
das piores catástrofes humanitárias de que há memória recente", disse quarta-feira, no
Conselho de Segurança Edem Wosornu, do gabinete operações humanitárias da ONU
naquele país, ao denunciar o que qualificou de "abandono" internacional
do povo sudanês.
Estas declarações surgem poucos dias depois da ONU ter reclamado
um acesso sem entrave dos trabalhadores humanitários ao país, onde a população
está à mercê de uma guerra iniciada em Abril do ano passado entre o exército do
general Abdel Fattah al-Burhane e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido
do general Mohammed Hamdane Daglo, antigo número dois do poder. Um conflito que
provocou milhares de mortos e mais de oito milhões de deslocados, segundo a
ONU.
A este balanço acrescentam-se também cerca de 18 milhões de
sudaneses que enfrentam uma situação de insegurança alimentar grave, as Nações
Unidas estimando que 5 milhões de pessoas "poderiam resvalar para uma situação de insegurança alimentar
catastrófica em certas partes do país nos próximos meses".
Na semana passada, a ONU reiterou o apelo à mobilização
internacional a favor do Sudão, referindo que tinha angariado até ao momento
menos de 5% dos 2,7 mil milhões de dólares necessários para responder a esta
situação.
Os Estados Unidos entretanto anunciaram uma nova ajuda
humanitária de 47 milhões de dólares, mas ela vai ser canalizada para os países
vizinhos do Sudão, nomeadamente o Chade e o Sudão do Sul, de forma a ajudar a
acolher os refugiados sudaneses.
Refira-se ainda que no passado dia 13 de Março a ONG 'Save the
Children' avisou que a insegurança alimentar é um risco que se pode estender no
longo prazo neste país, dado que a guerra impossibilita o cultivo da
terra. "A ausência
de época agrícola no ano passado, significa que não há alimentos hoje. Se não
se semeia hoje, significa que não há comida amanhã",
preveniu a organização humanitária.ANG/RFI
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