Tráfico de droga/Filho do
ex-Presidente da República condenado há mais de seis anos de prisão nos EUA
Bissau, 28 Mar 24
(ANG) - O filho de um ex-Presidente da Guiné-Bissau foi condenado há mais de
seis anos e meio de prisão por envolvimento numa conspiração transnacional de
tráfico de heroína, noticiou agência Lusa, citando o Departamento de Justiça
dos Estados Unidos (EUA).
Segundo a Lusa, Malam
Bacai Sanha Jr, de 52 anos, liderava uma organização transnacional de
tráfico de drogas e, em Setembro do ano passado, declarou-se culpado de
"conspiração para distribuição de substância controlada para fins de
importação ilegal".
"Na audiência, o
tribunal ouviu que Sanhá pretendia usar o produto da droga para financiar a sua
futura campanha à Presidência em 2025 e um golpe de Estado naquele país",
indicou em comunicado a Administração de Repressão às Drogas (DEA), a agência
federal norte-americana responsável pelo combate ao tráfico e distribuição
ilícita de drogas.
O juiz distrital dos
EUA, Keith Ellison, ordenou que Sanhá Jr cumprisse uma pena de 80 meses de
prisão.
Conhecido como
"Bacaizinho" na Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá Jr --- que chegou a servir
no Governo do pai como conselheiro para a área económica --- já havia sido
extraditado para os EUA em Agosto de 2022, depois de ter sido detido na Tanzânia,
e estava numa prisão no Estado do Texas.
Ao proferir a
sentença, o tribunal norte-americano observou que Sanhá Jr estava diretamente
envolvido na importação de heroína da Europa para os Estados
Unidos. O tribunal também concluiu que suas atividades de tráfico de
drogas eram extensas.
"Malam Bacai
Sanhá Jr não era um traficante de drogas internacional comum. Ele
traficava drogas por uma razão muito específica -- para financiar um golpe que
acabaria por levá-lo à Presidência da República da Guiné-Bissau, onde planeava
estabelecer um regime de drogas", disse o agente especial Douglas Williams,
do escritório do FBI em Houston, no Texas.
"Felizmente, os
agentes do FBI de Houston e os nossos parceiros da DEA frustraram as suas
tentativas, com a cooperação dos nossos parceiros internacionais. O crime
tem alcance e impacto global, e o FBI também", acrescentou.
Além de liderar uma
organização criminosa transnacional, Sanhá Jr trabalhava como
"co-conspiradores internacionais" para importar heroína de
vários países para Portugal, assegurou a justiça norte-americana.
Com a ajuda de
co-conspiradores, "Sanha forneceu 4,7 quilogramas de heroína a um agente da
lei disfarçado em Lisboa em Fevereiro e Março de 2022"
e "concordou ainda em entregar a heroína em pelo menos três ocasiões,
acreditando que ela seria importada ilegalmente para os Estados Unidos",
diz o comunicado da DEA.
"O alcance
expansivo das redes criminosas transnacionais, como a que Sanhá dirigia,
representa uma séria ameaça à segurança e à saúde de todas as
comunidades", disse o procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul do
Texas, Alamdar Hamdani.
A investigação em
causa foi fruto de uma cooperação entre agências e organizações de vários
países, incluindo a Polícia Judiciária portuguesa.
ANG/Lusa
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