Angola/ Sindicalistas vão a julgamento por aderirem à greve geral da função pública
Bissau, 22 Mar 24 (ANG) - Três dos quatro sindicalistas angolanos detidos quarta-feira vão hoje a julgamento sumário por alegadamente aderirem à greve geral dos funcionários públicos.
Apesar disso, as centrais avisam que não temem as ameaças e detenções, argumentando que se trata de um procedimento que "a tutela sempre utilizou para amedrontar os trabalhadores".
O
primeiro dos três dias de greve geral na função pública em Angola foi marcado
pela detenção de alguns trabalhadores nas províncias do Bengo e Huambo por
supostamente reivindicarem o aumento do salário mínimo para 100 mil kwanzas
(110 euros), em vez dos actuais 32 mil kwanzas (36 euros).
A
Força Sindical, a Confederação Sindical (UNTA) e a Central Geral dos Sindicatos
Independentes e Livres de Angola (CGSSILA), dizem que, apesar do turbilhão
criado por alguns gestores públicos e pela polícia nacional, o balanço do
primeiro dia dos protestos é positivo, conforme disse Admar Jinguma, do
Sinprof.
“O
balanço que se pode fazer no primeiro dia de greve é um abalanço deveras
positivo. Os trabalhadores aderiram em massa a este primeiro dia de greve geral
em todos os sectores, sobretudo a nível da administração pública. Portanto, nós
tivemos um nível de adesão de greve já mais visto. Era importante que o governo
olhasse para este nível de adesão em massa com olhos de ver”, disse o sindicalista.
Nesta
'troca de mimos' entre os grevistas e a tutela, o secretário-geral do Sindicato
Nacional dos Professores Angolanos, Admar Jinguma, denuncia a detenção de um
enfermeiro na província do Bengo e de três sindicalistas no Huambo, que vão,
nesta quinta-feira, a julgamento sumário, devido à greve.
“Nós tivemos
o relato da detenção de quatro colegas nossos, um enfermeiro na província do
Bengo, norte de Angola, e três na província do Huambo. Esses colegas, apesar
das diligências que foram feitas, vão a julgamento sumário hoje no Huambo”, sublinhou Admar Jingma, um dos
porta-vozes das centrais sindicais.
O
movimento sindical assegura que já constituiu uma equipa de advogados que está
acompanhar todo o processo de alguns sindicalistas detidos na quarta-feira e
acusa a polícia de ter violado o direito à greve dos trabalhadores.
“Temos
já uma equipa de advogados preparada para o efeito, no sentido de fazer a
defesa dos nossos colegas do Huambo, região central de Angola. Aliás, estamos aqui diante uma violação
grosseira da lei”, desabafou o sindicalista Admar Jingma.
Recorde-se
que o caderno reivindicativo dos grevistas, apresentado ao governo em Setembro
do ano passado, abrange nomeadamente um aumento do salário mínimo nacional e a
diminuição do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho. Pontos que até agora,
segundo os sindicatos, não obtiveram uma resposta satisfatória por parte do
executivo.
De
acordo com o calendário definido pelos sindicatos, a greve pode decorrer em
três fases, sendo que o primeiro período termina esta sexta-feira. Na ausência
de progressos nas negociações com o governo, a greve poderia retomar entre 22 e
30 de Abril e ainda entre os dias 3 e 14 de Junho. ANG/RFI
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