Jordânia/Guterres considera inaceitável rejeição de comboios humanitários para Gaza
Bissau, 26 Mar 24 (ANG) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou segunda-feira “totalmente inaceitável” a decisão de Israel de proibir mais comboios humanitários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) para o norte da Faixa de Gaza.
“A decisão de não
permitir comboios da UNRWA para o norte de Gaza, onde temos uma situação
dramática de fome, é totalmente inaceitável”, disse o líder da Nações Unidas
numa conferência de imprensa em Amã, ao lado do ministro dos Negócios
Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi.
Para Guterres, aqueles
que tomaram a decisão “devem assumir a responsabilidade face à História pelas
consequências em relação à dramática situação da população no norte de Gaza”.
É “absolutamente
essencial haver um fornecimento massivo de ajuda humanitária”, defendeu António
Guterres, sublinhando que isso implica até abrir mais pontos de entrada.
“Isto significa uma
concentração de esforços de todas as entidades, sem obstáculos e sem limitações
do lado israelita, para poder resgatar a população do norte de Gaza que está em
risco iminente de fome. Muitas crianças já estão hoje a morrer de fome”,
afirmou.
Guterres está hoje na
Jordânia, a propósito do Ramadão, o mês sagrado muçulmano, que também o levou,
este fim de semana, ao Egito, onde visitou a passagem de Rafah, único ponto não
controlado por Israel até Gaza e por onde passa a maioria da ajuda humanitária.
No domingo, o
comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que Israel informou a
ONU de que não aprovará mais comboios humanitários com destino ao norte da
Faixa de Gaza.Israel não esconde as suas intenções de expulsar a UNRWA da Faixa
de Gaza e acusa a organização de ter ligações diretas ao grupo islamita Hamas.
Na sexta-feira, o
Governo israelita afirmou que quase 17% dos trabalhadores da UNRWA em Gaza são
“membros de organizações terroristas” e pelo menos 15 tiveram “envolvimento
direto” no massacre de 07 de outubro do Hamas em território israelita.
“A UNRWA não pode
desempenhar nenhum papel na Faixa de Gaza, quebrou toda a sua neutralidade”, e
deve encontrar-se um “substituto”, afirmou o porta-voz da embaixada de Israel
em Madrid, Tal Itzhakov.
Numa videoconferência
com jornalistas, o porta-voz mencionou uma atualização do relatório de Israel
sobre esta matéria, com informação e documentos obtidos pelos serviços secretos
israelitas em Gaza sobre “a infraestrutura terrorista”.
Itzhakov, que nomeou um
desses “terroristas” identificados, indicou que há “2.135 membros do Hamas e da
Jihad Islâmica” a trabalhar na UNRWA na Faixa de Gaza. Mais precisamente, 485 são
“membros do braço militar das organizações terroristas” e 1.650 do movimento
Hamas.
No dia seguinte, o
ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, acusou a ONU de ser
uma organização anti-israelita e antissemita, que incentiva o terror.
Numa publicação na rede
social X, Israel Katz acusou António Guterres de culpar Israel pela situação
humanitária em Gaza.
O secretário-geral da
ONU afirmou, no Egito, que o “mundo está farto” do “pesadelo sem fim” em Gaza,
após mais de cinco meses de guerra entre Israel e Hamas no território
palestiniano.
A guerra na Faixa de
Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro
de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as
autoridades de Israel.
Desde então, Israel tem
retaliado com uma ofensiva em Gaza que já provocou mais de 32.000 mortos, de
acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde palestiniano,
controlado pelo Hamas.
O grupo islamita
palestiniano, que controla Gaza desde 2007, é classificado como uma organização
terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
ANG/Inforpress/Lusa
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