Comunicação Social/ Uma Exposição
fotográfica e palestra assinalam 49º aniversário do Jornal Nô Pintcha
Bissau, 26 Mar 24 (ANG) – Numa união entre o passado e o presente, está patente na sala do Centro
Cultural Franco Bissau-Guineense,desde
segunda- feira, (25) até 27 do mês em curso, uma exposição fotográfica
visando comemorar os 49 anos da existência do Jornal Nô Pintcha.
Trata-se de uma iniciativa da Direção-geral do jornal Nô Pintcha e foi inaugurada pela Diretora-geral do órgão,Elci Pereira Dias.
Para além da
exposição, o semanário estatal organizou, na tarde de segunda feira, uma
palestra com três temas: “O jornal Nô Pintcha como Escola de Jornalismo”, orado
por Humberto Monteiro; O Jornal Nô Pintcha em Tempo de
Monopartidarismo”, apresentado por Aniceto Alves; e o Jornal
Nô Pintcha face a Transição de Mono para Multipartidarismo”, orado por Pedro Quadé. Os oradores foram
todos antigos diretores-gerais do jornal.
Ao comentar o tema “Jornal Nô Pintcha como Escola
de jornalismo na Guiné-Bissau”, Humberto Monteiro destacou que a maioria dos primeiros
profissionais da comunicação passaram pelo
Nô pintcha.
“Para além disso, é
um projeto inspirador para a criação de todos os outros jornais, tais como o “Cazeta de Noticias”, entre outros, porque os proprietários trabalham
como jornalistas no jornal Nô Pintcha”, acrescentou.
Sobre o exercício da
profissão atualmente, Humberto Monteiro disse que agora há bons jornalistas e
comunicadores, mas que o ambiente politico não facilita, pois há muita pressão
e manipulação dos politicos e os jornaistas exercem no meio de tudo isto,
pelo que é preciso saber posicionar
perante a pressão dos politicos, respeitando a si mesmo, a Etica e Deontologia
profissional.
Aniceto Alves, orador
do tema “ O Jornal Nô Pintcha em Tempo
de Monopartidarismo”, ao fazer a comparação do exercício da profissão entre a
época do partido único e a era Democrática, diz não haver grande diferênça, mas a sua
sustentação evidencia “muita diferença” .
Alves sustentou que o multipartidarismo permitiu a
existência de muitos jornais, o que não foi possível no monopartidarismo.
“ Hoje os profissionais de comunicação estão
condenados, politica e economicamente, porque
não têm dinheiro e a publicação dos
jornais é assegurada pelos privados, atavés dos anúncios e não têm a coragem de publicar uma notícia
contra uma determina instituição que fornece anúncio. Na época do
monopartidarismo, o dinheiro e venda dos jornais não são problemas, porque tudo é garantido pelo governo”, disse.
Quanto ao exercício
da profissão afirmou que nessa época aplicavam rigorosamente os conhecimentos
adquiridos, mas que também tomavam muito cuidado sobre o que escreviam, porque
tudo o que é publicado deve se alinhar com a politica de informação do partido,
ou seja, o trabalho jornalístico é feito com base nas orientações do partido.
Assistiram a palestra,
para além de jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social do país, estudantes
de cursos de jornalismo. Ambos com apreciação diferentes sobre os
conteúdos do semanário Nô Pintcha.
A estudante do 1º ano do curso de Jornalismo na
Escola Superior de Comunicação, Jéssica Soares Tavares, por exemplo, diz esperar mais dinamismo no jornal Nô Pintcha, e
sugere que o os seus exemplares sejam distribuidos nas escolas de formação de
jornalismo, como forma de incentivar a
leitura e melhorar a técnica de escrita.
Aguinaldo Ampa disse
que após o que ouviu dos oradores percebe
que para fazer o jornalismo na Guiné-Bissau é preciso passar pela
imprensa escrita.
Ampa que é jornalista
do jornal “O Democrata” recomenda a nova geração de profissionais para
recorrerem aos arquivos do jornal Nô
Pintcha para aprenderem.
“Falamos de profissionais que trabalharam na era de Partido
único,de maior controlo dos conteúdos a publicar, e mesmo assim, fizeram alguma coisa. Hoje com
maior liberdade, é preciso exercermos o
jornalismo de verdade”, defendeu.
Em relação a politização
da classe, permitida por certos profissionais, Ampa disse que é verdade, e que a situação pode
prevalecer se os órgãos de comunicação social continuarem na situação de
dificuldades económicas em que se encontram.
Para inverter essa situação,
defendeu a criação de condições para que os profissionais tenham uma remuneração
suficiente para o sustento da fasmília,
e o exercício responsável do jornalismo, sem conexão política.
ANG/LPG//SG
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