Senegal/Diomaye Faye – De inspector fiscal, recluso, a Presidente da República
Bissau,
26 Mar 24 (ANG) – Bassirou Diomaye Faye pronunciou as primeiras palavras como futuro
Presidente do país, um dia depois da primeira volta das eleições presidenciais.
“Diomaye
mooy Sonko, Sonko mooy Diomaye” - “Diomaye é Sonko, Sonko é Diomaye” foi o
lema da campanha presidencial do candidato da oposição no Senegal. O slogan foi
retomado nas ruas do país, que conta com 18 milhões de habitantes, poucos
minutos depois do início da contagem dos votos este domingo, 24 de Março.
Da prisão de Dakar à presidência, Bassirou
Diomaye Faye encarna a aposta do opositor senegalês Ousmane Sonko. “Bassirou, sou eu”, disse
Ousmane Sonko sobre Diomaye Faye, que se torna o chefe de Estado mais jovem da
hitória do Senegal. “Diomaye”,
como é conhecido “o
honorável” em Sererê, uma das comunidades do Senegal, celebrou
esta segunda-feira o seu 44º aniversário.
O antigo inspector fiscal tomou medidas
discretamente à sombra do seu mentor Ousmane Sonko, terceiro candidato mais
votado nas eleições presidenciais de 2019 e inelegível em 2024, após três anos
de impasse com o poder. Ousmane Sonko nomeou-o como seu substituto na
corrida presidencial. Diomaye Faye nunca tinha ocupado nenhum cargo até ao
momento.
“São duas faces da mesma moeda com dois
estilos diferentes”, apontam membros do Pastef, o partido
criado por Bassirou Diomaye Faye e Ousmane Sonko em 2014, dissolvido pelas
autoridades em 2023. Muitas vezes vestido com roupa tradicional branca, um
rosto jovem, Bassirou Diomaye Faye apareceu no último comício eleitoral
acompanhado pelas duas esposas, uma novidade para um Presidente senegalês.
Diomaye Faye manifesta-se contra um
sistema excessivamente presidencialista, muçulmano praticante surge como a
encarnação de uma nova geração de políticos, destacando os seus valores
pan-africanos, o desejo de preservar a soberania do país, de distribuir a
riqueza de forma mais justa e de reformar uma justiça que considera corrupta.
Promete renegociar contractos petrolíferos e
de pesca e diz não ter medo de abandonar o franco CFA, mostrando vontade de
criar uma nova moeda nacional, medida que o adversário Amadou Ba tinha denunciado
como um “absurdo” económico.
O projecto de acabar com a corrupção é
apoiado pelos senegaleses nas redes sociais, bem como a sua declaração de bens
tornada publica no último dia de campanha como forma de mostrar total
"transparência". Diomaye Faye nasceu numa família modesta de
agricultores, passou o concurso de ENA (escola nacional de administração) no
Senegal, seguiu os passos de Ousmane Sonko.
Em Abril de 2023 foi indiciado e preso por
desacato ao tribunal, difamação e actos susceptíveis de comprometer a paz
pública, segundo um dos advogados, depois da difusão de uma mensagem crítica
contra a justiça nos casos Sonko. Em Julho, Ousmane Sonko também é detido,
acusado de “apelar à
insurreição”.
Depois de votar no domingo, Diomaye Faye
apelou a um “regresso
definitivo à serenidade” no Senegal “que tem sido gravemente perturbado” nos
últimos anos. ANG/RFI
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