Burquina Faso/Situação de segurança "é mais do que alarmante"
Bissau, 22 Mar 24 (ANG) – O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, considerou hoje, em Ouagadougou, que a situação de segurança no Burkina Faso "é mais do que alarmante" e a situação humanitária é "desoladora".
"A situação de segurança é mais
do que alarmante, uma grande parte do país é aterrorizada por grupos armados",
disse Türk à imprensa, após uma reunião com o capitão Ibrahim Traoré, que
chegou ao poder através de um golpe de Estado em setembro de 2022.
Além de ser governado por um regime
militar, o país continua a sofrer os efeitos da violência fundamentalista islâmica.
"Em 2023, o meu gabinete
documentou 1.335 violações e abusos dos direitos humanos e do direito
humanitário, com pelo menos 3.800 vítimas civis. Os grupos armados são
responsáveis pela grande maioria das violações cometidas contra civis",
acrescentou.
Segundo Türk, a "violência
gratuita deve acabar e os seus autores devem ser responsabilizados".
O dirigente da ONU afirmou que
"compreende perfeitamente os graves desafios com que se confrontam as
forças de defesa e de segurança no Burkina Faso” e disse sentir-se “encorajado
pelas declarações de que estão a ser tomadas medidas para garantir que a sua
conduta está em plena conformidade com o direito humanitário internacional e o
direito internacional dos direitos humanos".
Volker Türk agradeceu aquelas garantias,
que, disse, “surgem no momento em que são relatadas graves violações cometidas
pelas forças de segurança e pelos Voluntários para a Defesa da Pátria [VDP,
auxiliares do exército], que devem ser investigadas e corrigidas com
rigor".
Várias personalidades do Burkina Faso
que se manifestaram contra o regime foram recentemente detidas ou raptadas.
No plano humanitário, "o
sofrimento de milhões de burquinabeses é desolador", afirmou, destacando
que 2,3 milhões de pessoas se encontram em situação de insegurança alimentar,
mais de dois milhões de pessoas deslocadas internamente e 800 mil crianças
impedidas de ir à escola.
"No total, 6,3 milhões de
pessoas, numa população de 20 milhões, precisam de assistência humanitária, mas
esta questão desapareceu da agenda internacional e os recursos disponibilizados
são totalmente inadequados para responder à escala das necessidades das
pessoas", lamentou.
Desde 2015, o Burkina Faso tem sido
confrontado com a violência fundamentalista islâmica atribuída a movimentos armados
ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, bem como com
represálias atribuídas às forças armadas e aos seus auxiliares, que causaram
cerca de 20 mil mortos.
ANG/Lusa
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