segunda-feira, 11 de abril de 2016

Moçambique


Joaquim Chissano quer acção militar contra Renamo

Bissau, 11 Abr 16 (ANG) - O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano disse na sexta-feira que o Governo deve continuar as suas acções militares contra a RENAMO, principal partido de oposição em Moçambique, enquanto o movimento apostar na via armada como instrumento político.

“Se não há outra maneira [de travar as acções armadas da RENAMO]... Se a RENAMO deixasse de disparar contra a população, não haveria necessidade de proteger a população, porque não haveria fogo”, disse Joaquim Chissano, em entrevista publicada pelo semanário “Savana de Maputo”.

O antigo Chefe de Estado moçambicano, que governou o país durante 18 anos, chefiou  o Executivo que negociou o Acordo Geral de Paz de 1992, enquanto o país estava em guerra.

“O diálogo de 1990-1992 fez-se no meio do fogo e não parou a luta, porque o Governo estava consciente que tinha o dever de defender a população e não podia recuar de qualquer maneira. Fizemos o que nós podíamos e salvámos até onde pudemos”, frisou Joaquim Chissano.

Sobre o facto de a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) condicionar o reatamento das negociações com o Governo, para o fim da crise político-militar, Joaquim Chissano entende que a aparente relutância do Executivo em aceitar essa exigência pode estar relacionada com a circunstância de o principal partido de oposição enfrentar novas exigências logo que as anteriores são satisfeitas.

“É preciso ter uma perspectiva. Será que aceitando isto a RENAMO não vai exigir outra coisa? Porque já vimos exigências disto e mais aquilo. Então, é preciso saber profundamente como agir em torno das propostas que estiverem na mesa, depois de tomar uma decisão”, declarou o antigo Presidente da República.

Joaquim Chissano referiu-se em concreto à exigência da RENAMO de que um eventual processo negocial deve envolver a União Europeia (UE), assinalando que esta organização congrega vários Estados. “Por exemplo, a UE não é um Estado, são vários Estados. (...) Eu não sei o que iria fazer a UE, quem é a UE? Não sei se a RENAMO quer transformar este diálogo entre dois num assunto internacional”, enfatizou.

O antigo Presidente da República apelou à persistência do povo na luta pela paz, assinalando que os moçambicanos exigem a estabilidade com maior vigor.

Moçambique vive uma crise política e militar caracterizada por confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado da RENAMO, assim como ataques a veículos civis e militares imputados pelo Executivo ao partido da oposição.

A RENAMO não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014 e exige governar nas seis províncias onde reivindica vitória eleitoral. 
O líder da REMANO, Afonso Dhlakama, continua a ignorar os apelos de paz feitos pelo Chete de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, para um diálogo que ponha fim à instabilidade reinante no país. 
A FRELIMO, partido no poder, acusa a RENAMO de arrastar o país para a guerra e de inviabilizar o desenvolvimento. 

ANG/JA

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