Maioria
esmagadora para Macron, abstenção recorde ultrapassa 56 por cento
Bissau, 19 Jun 17
(ANG) - O partido centrista do presidente francês, Emmanuel Macron, alcançou no
domingo uma vitória clara na segunda volta das legislativas, com 341 dos 577
assentos, numa eleição marcada por uma abstenção sem precedentes.
O partido
presidencial A República em Marcha e o seu aliado MoDem conquistaram, segundo
números divulgados pelo Ministério do Interior francês e sem contar as circunscrições da emigração –
341 dos 577 lugares no parlamento, muito acima dos 289 necessários para a
maioria absoluta.
Esta vitória fica,
no entanto, marcada pela elevada abstenção, que segundo os resultados quase
definitivos atinge um recorde de 56,83 por cento.
Este resultado
histórico explica-se pela vaga pró-Macron anunciada, pela longa maratona
eleitoral, que começou em Outubro com as primárias da direita, e com um crescente
desinteresse da política.
A direita, que
inicialmente esperava privar o chefe de Estado da maioria e levantar a cabeça
após a derrota do seu candidato às Presidenciais, François Fillon, obteve,
juntamente com o seu aliado centrista da UD 135 eleitos, segundo os números do
Ministério do Interior.
Este resultado
coloca o partido como principal opositor de Macron, mas esconde profundas
fracturas internas, numa altura em que as linhas políticas tradicionais parecem
misturar-se.
Uma parte dos
eleitos do partido conservador Os Republicanos e da UDI admitem apoiar caso a
caso a acção do presidente centrista e o primeiro teste será o voto de
confiança no novo governo do primeiro-ministro Edouard Philippe, ele próprio
saído da direita moderada.
O secretário-geral
dos Republicanos, Bernard Accoyer, apelou “à união” do partido para formar uma
oposição “vigilante”.
O Partido
Socialista, que controlava metade da Assembleia cessante sob a Presidência de
François Hollande, caiu, juntamente com os seus aliados do PRG (partido de
esquerda radical) para 43 assentos, à frente da esquerda radical (27 eleitos).
Este resultado
surge na sequência da derrota do candidato socialista às Presidenciais, Benoît
Hamon, que perdeu na primeira volta com apenas 6,3 por cento dos votos.
Muitos dos
dirigentes socialistas perderam mesmo o seu lugar no parlamento, a começar pelo
secretário-geral, Jean-Christophe Cambadélis, eliminado na primeira volta.
Hoje, o
responsável anunciou a sua demissão, minutos depois de as primeiras projecções
mostrarem uma derrota histórica do seu partido na segunda volta das eleições
legislativas.
Após conseguir
passar à segunda volta das Presidenciais, a Frente Nacional de Marine Le Pen
esperava tornar-se a primeira força da oposição em França, mas as divisões internas
sobre o seu plano estratégico e político, nomeadamente sobre a questão da saída
do euro, não lhe permitiram alcançar o objectivo.
O partido de
extrema direita obteve pelo menos oito deputados, contra dois em 2012 – um
número insuficiente para constituir um grupo parlamentar e assumir um papel
significativo.
Ainda assim,
Marine Le Pen, de 48 anos, consegue ser eleita pela primeira vez, depois de uma
primeira tentativa falhada em 2012.
A França
insubmissa de Jean-Luc Mélenchon reivindica pelo menos 15 assentos, sem contar
com os eleitos comunistas, com quem deverá decidir se faz um grupo comum.
O partido de
esquerda radical falhou no objectivo de se tornar a primeira força da oposição
de esquerda no parlamento.
O
primeiro-ministro, Edouard Philippe, deverá, entre hoje e terça-feira, e como
manda a tradição, apresentar a demissão do seu governo para formar um novo,
provavelmente limitado a uma ligeira remodelação.
Este político da
direita moderada deverá pronunciar, a 04 de Julho, a sua declaração de política
geral perante os deputados.
Estas eleições
ficam também marcadas por uma profunda renovação: o movimento Em Marcha apelou
a novos rostos, enquanto muitos dos dirigentes mais antigos foram afastados.
Além disso, o
parlamento passa a contar com 223 mulheres, quando nas últimas eleições, quando
se alcançou o último recorde, só tinham sido eleitas 155.
ANG/Lusa/Inforpress
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