“Mercado da droga continua a crescer com
mais substâncias perigosas”, alerta ONU
Bissau, 23 Jun 17
(ANG) – O mundo tem hoje mais tipos de droga, mais fáceis de obter e mais
potentes, aumentando o risco para a saúde, apesar de ter estabilizado em 250
milhões o número de consumidores, 5 por cento da população mundial, segundo a
ONU.
As conclusões
estão contidas no Relatório Mundial sobre Drogas 2017, divulgado hoje pelas
Nações Unidas, em Viena, que estima em 29,5 milhões o número de consumidores
com transtornos graves devido ao consumo das diferentes substâncias,
reflectindo, paralelamente, o “florescimento” do mercado das drogas em todo o
mundo.
Segundo o relatório,
elaborado pelo Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC),
apenas uma em cada seis pessoas que pede apoio para combater os transtornos
recebe tratamento, questão que foi criticada por Angela Me, coordenadora do
documento, ao apresentá-lo hoje em Viena.
“Aumentou o risco
para a saúde devido à diversificação e à potência de novas substâncias”,
sublinhou Angela Me, dando como exemplo o fentanilo, um novo analgésico 50
vezes mais potente que a heroína e que já provocou numerosos casos, ainda por
quantificar, de “overdoses mortais” nos últimos anos nos Estados Unidos.
“O mercado das
drogas e o número de substâncias continuam a crescer”, alertou a especialista
do UNODC, realçando que a situação altera-se a tanta velocidade que se torna um
desafio permanente dar-lhe resposta legal ao mesmo ritmo.
Outro exemplo de
drogas mais potentes e cuja composição pode ser especialmente nociva e com
risco, acrescentou, são as novas substâncias psicotrópicas que imitam drogas
tradicionais de origem vegetal, como a canábis sintética.
Entre 2009 e 2016,
a ONU contabilizou 739 destas substâncias, que aparecem e desaparecem com
rapidez e cujos componentes químicos variam com muita frequência.
Segundo o
relatório, calcula-se que em 2015 se registaram pelo menos 190 mil mortes no
mundo devido ao consumo de droga, cálculo “muito conservador” se se considerar
que, apenas nos Estados Unidos, morreram nesse mesmo ano 52.400 pessoas na
sequência de overdoses.
O grupo de drogas
mais letal é o de opioides, como a heroína e respectivos derivados sintéticos,
que provocam, devido às overdoses, a maior parte das mortes.
O consumo destes
opioides com seringas é “especialmente arriscado”, porque podem contrair-se
doenças como a hepatite C e sida, lê-se no relatório.
O documento
salienta que, em 2016, a produção mundial de ópio aumentou um terço em relação
a 2015, devido ao “grande crescimento” de plantações no Afeganistão.
Quanto à cocaína,
sublinha a ONUDC, registou-se um aumento da produção, tráfico e consumo em todo
o mundo, tanto nas regiões com maior procura, Europa e América do Norte, como
na Ásia, um novo mercado em crescimento.
“A produção
mundial de cloridrato puro de cocaína alcançou 1.125 toneladas em 2015, o que
representa um aumento generalizado de 25% em relação a 2013”, lê-se no
relatório.
“É certo que a
produção de cocaína tem aumentado, mas continua abaixo dos valores de há 10
anos. Se se tiver em conta o longo prazo, a tendência é positiva”, disse Angela
Me. ANG/Lusa
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