Bissau,19 Jun 17(ANG)
- Paulo Gomes, ex-candidato presidencial na Guiné-Bissau e antigo quadro do
Banco Mundial, defendeu no sábado que o país precisa de um “estado de graça” de cinco anos e de
estabilidade política para se recompor, após décadas de crises cíclicas."
“Em muitos países fala-se sempre do
famoso [período] de 90 dias de estado de graça para que o país possa avançar.
[Na Guiné-Bissau] precisamos de, pelo menos, cinco anos” para “consolidar o que
for possível”, referiu.
Paulo Gomes falava
aos jornalistas depois de ter sido recebido em audiência pelo Presidente da
República, José Mário Vaz.
“Saímos de uma situação em que havia um
problema de constitucionalidade”, devido ao golpe militar de 2012, “fizemos
eleições, foram exemplares e não há espaço para a competição” referiu,
numa alusão a lutas políticas internas.
“Nesse momento, o único objetivo é que
todos os guineenses possam posicionar-se, cada um ao seu nível, para que esse
país seja, mais uma vez, um país relevante ao nível regional e internacional”,
acrescentou.
No entanto, Paulo Gomes admite que a convivência política na Guiné-Bissau “não é fácil. O nosso ambiente interno, às
vezes, não ajuda, porque há interesses particulares que esquecem que o
interesse da Nação é o mais importante”, sublinhou, sem apontar nomes.
Nos últimos meses têm sido conhecidas divergências políticas entre o Presidente
da República e o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, que este último
tem desaromatizado, acreditando que será sempre possível chegar a consenso.
Ao mesmo tempo, tem subido de tom a troca de palavras entre o presidente da
Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, e José Mário Vaz, também por
divergências políticas.
Todos fazem parte do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC), partido no poder, liderado por Domingos Simões Pereira. Por essa
razão, um dos órgãos diretivos do partido anunciou em março que pretende juntar
à mesma mesa Presidente, líder do Parlamento e primeiro-ministro para esclarecer
os motivos das divergências. Segundo referiu fonte partidária à Lusa, esse
encontro ainda não aconteceu “por motivos de agenda”.
No início desta semana, o Movimento Nacional da Sociedade Civil da Guiné-Bissau
apelou, em comunicado, aos titulares dos órgãos de soberania para uma “maior contenção na abordagem pública dos
assuntos do Estado com reserva de tratamento dos mais delicados e sensíveis
para os fóruns próprios”.
Segundo o Movimento, “é notório que
desde a tomada de posse dos titulares dos órgãos da soberania até à presente
data, assiste-se à falta de um ambiente favorável de concertação e gestão dos
assuntos do Estado a bem da paz e da estabilidade do país”.
ANG/Lusa
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