África /Crise climática ameaça saúde e
segurança de milhões de pessoas
Bissau,
27 Out 20 (ANG) - A crise climática terá sérios impactos em África, onde o
aumento das temperaturas, a subida do nível do mar e fenómenos climáticos
extremos frequentes ameaçam a saúde e a segurança de milhões de pessoas,
segundo um estudo da ONU.
O relatório anual sobre
o estado do clima em África, publicado segunda-feira pela Organização
Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas, revela, por exemplo,
que a subida do nível do mar nas costas orientais de África é superior a cinco
milímetros por ano, ou seja, acima da média global, de três e quatro milímetros.
Além disso, 56 por cento
das costas de vários países da África Ocidental, como Senegal e Costa do
Marfim, estão a sofrer uma rápida erosão, adverte o estudo, que prevê também
"efeitos devastadores na produção de culturas e na segurança alimentar".
Secas, pragas e
inundações irão afectar 13 por cento dos rendimentos agrícolas na África
Ocidental e Central, 11 por cento no norte do continente e oito por cento no
leste, refere o estudo, que prevê efeitos particularmente adversos nas culturas
de arroz e trigo.
O documento também
aponta para um aumento de doenças como resultado do aquecimento global, entre
elas a malária, porque os mosquitos portadores são cada vez mais capazes de
viver em áreas mais altas da África Oriental.
A OMM estima no mesmo
relatório os efeitos económicos adversos que o aquecimento global poderia ter
em África.
Pelas contas daquela
agência da ONU, os efeitos do aquecimento global poderão significar um corte
entre 2,2 e 12,1 por cento do PIB do continente, se a temperatura média subir entre
um e quatro graus, com efeitos mais severos na zona equatorial.
O documento aponta que,
em 2019, o continente sofreu catástrofes climáticas, como o ciclone Idai, que
causou centenas de milhares de deslocados nos países do sudeste (Moçambique,
Zimbabué, Maláui e Madagáscar), enquanto que o Corno de África e o Sahel
sofreram várias cheias.
"As alterações
climáticas estão a afectar cada vez mais o continente africano, e cada vez mais
os mais vulneráveis e contribuindo para a insegurança alimentar e o deslocamento
de populações", concluiu o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, ao
apresentar o relatório.
O finlandês recordou que
nos últimos meses África também foi afectada por pragas de gafanhotos do
deserto, podendo agora sofrer secas devido à influência do fenómeno La Niña, e
o custo humano e económico destas e outras catástrofes foi agravado pela
pandemia da covid-19. ANG/RFI
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