Moçambique/”Acordo de paz não
pode ser renegociado”, diz embaixador da UE
Bissau,
19 Out 20 (ANG) - O embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique defendeu
que não há espaço para renegociações no acordo de paz de 2019, como exige um
grupo dissidente da Renamo acusado de protagonizar ataques armados no centro do
país.
"O acordo de paz
não pode ser aberto ou renegociado, estamos bastante claros sobre isso",
disse António Sanchez-Benedito em entrevista à Lusa.
Em causa estão os
ataques, no centro, atribuídos à autoproclamada Junta Militar da Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo), liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de
guerrilha, que exige a renegociação do acordo e a demissão do actual presidente
do partido, Ossufo Momade.
Nhongo acusa-o de ter
desvirtuado o processo negocial em relação aos ideais do seu antecessor, Afonso
Dhlakama, líder histórico da Renamo que morreu em maio de 2018.
Para António
Sanchez-Benedito, a Renamo comprometeu-se com a paz no acordo assinado com o
Governo e não pode ser refém das exigências de um "grupo
minoritário".
"Estamos todos
cientes de que em alguns pontos do país os indicadores macroeconómicos ainda
são muito baixos, mas a maneira de avançar não é com recurso a violência",
disse.
O acordo de paz em
Moçambique foi assinado em Agosto de 2019 pelo chefe de Estado moçambicano,
Filipe Nyusi, e pelo presidente da Renamo, prevendo, entre outros aspectos, o
Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado do principal
partido de oposição.
Num momento em que
decorre o processo de DDR, no quadro dos entendimentos, o embaixador da UE em
Moçambique entende que Mariano Nhongo devia aproveitar a oportunidade para
largar as armas.
"Há uma janela que
ainda está aberta, mas pode estar fechada daqui a algum tempo", alertou.
Apesar dos desafios
impostos pelo grupo de Nhongo, segundo António Sanchez-Benedito, que visitou
recentemente o centro para avaliar o processo do DDR, as coisas estão a tomar
um bom rumo.
A União Europeia
disponibilizou até agora cerca de 62 milhões de euros para o DDR, que está na
sua terceira fase, com 1.075 ex-guerrilheiros da Renamo já abrangidos de um
total de cinco mil que se espera que entreguem as armas.
Os ataques armados
atribuídos ao grupo dissidente da Renamo no centro de Moçambique têm afectado
as províncias de Manica e Sofala e já provocaram a morte de, pelo menos, 30
pessoas desde Agosto do ano passado, em estradas e povoações locais.
A Organização Internacional
das Migrações (OIM) estima que existam 7.780 deslocados no centro de
Moçambique, em fuga de ataques armados em zonas por onde vagueia o grupo
dissidente da Renamo.ANG/Angop
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