Política/Líder do PAIGC diz que a Guiné-Bissau vive
situação de “poder absoluto”
Bissau,28 Out 20(ANG) - O líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, considerou na terça-feira(27) , em Luanda, que se vive na Guiné-Bissau uma situação de “poder absoluto” que põe em causa liberdades individuais e coletivas e a separação de poderes.
Em declarações aos jornalistas à saída
de uma audiência de mais de meia hora concedida pelo Presidente de Angola, João
Lourenço, o dirigente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC) disse que o seu partido vai continuar a lutar contra esta
situação “bastante complexa” para fazer imperar a lei através de mecanismos
constitucionais.
“É este o quadro existente, para o qual
o PAIGC vai continuar a lutar, a exigir o imperativo da lei, o respeito pela
ordem constitucional, a separação dos poderes, para que os direitos individuais
e coletivos sejam de facto respeitados”, garantiu.
De acordo com Domingos Simões Pereira,
“tem-se feito o uso do poder absoluto, pondo em causa as liberdades individuais
e coletivas e a separação dos poderes”.
O político sublinhou que o PAIGC “é um
partido histórico, responsável, que tem feito uso exclusivamente dos mecanismos
constitucionais e democráticos”, contudo, “esta luta fica desigual,
desequilibrada, quando outros utilizam mecanismos à margem daquilo que a
Constituição prevê”.
“Mas nós acreditamos que quem acompanha,
o povo, quem tem essa aceitação popular, será capaz de, fazendo uso desses
mecanismos, poder repor aquilo que é o império da lei”, concluiu.
O político guineense frisou que o
encontro com o chefe de Estado angolano aconteceu no âmbito das relações
tradicionais de amizade e cooperação entre o PAIGC e o Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), liderado por João Lourenço.
Segundo Domingos Simões Pereira, a
situação no seu país, tal como havia afirmado em fevereiro, quando esteve em
Luanda, exige um acompanhamento, sobretudo dos principais parceiros e amigos, e
Angola está na lista prioritária dos principais amigos.
“E o camarada Presidente João Lourenço
tem-se disponibilizado para ouvir, para compreender, para acompanhar a situação
da Guiné-Bissau e neste quadro convidou-me a vir cá partilhar com ele a nossa
visão, a nossa leitura sobre a situação política, para desta forma poder melhor
acompanhar a situação vigente do país”, referiu.
O presidente do PAIGC considerou
bastante mais complexa a situação política prevalecente no país, resumindo que
todos os passos dados depois das eleições presidenciais, num recurso ao Supremo
Tribunal de Justiça a contestar os resultados, não surtiram os efeitos
esperados, porque foi considerado improcedente.
O Supremo Tribunal de Justiça da
Guiné-Bissau validou os resultados das eleições presidenciais, que acabou com o
contencioso eleitoral apresentado pelo segundo candidato mais votado na segunda
volta das presidenciais de 29 de dezembro de 2019, formalizando a vitória de
Umaro Sissoco Embaló.
“Nós, mesmo não concordando com essa
avaliação, mesmo achando que se estava a subtrair ao povo guineense o direito
de conhecer a verdade eleitoral, declaramos formal e publicamente que
aceitávamos e respeitávamos essa decisão do Supremo Tribunal de Justiça”,
recordou Simões Pereira, candidato derrotado nas presidenciais.
No entanto, o líder do PAIGC disse que é
preciso, no regime constitucional existente na Guiné-Bissau, separar os
poderes, reconhecer que antes disso houve eleições legislativas e é preciso
reconhecer o poder executivo a quem venceu as eleições legislativas”, explicou.
Depois de ter tomado posse numa
cerimónia simbólica, o Presidente guineense demitiu o Governo liderado por
Aristides Gomes, do PAIGC, partido vencedor das eleições legislativas de 2019. ANG/lusa
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