Covid-19/FMI alerta que
economia mundial está em terreno extremamente frágil
Bissau,
16 Out 20 (ANG)- A economia mundial está
em terreno extremamente frágil, apesar dos sinais de melhoria registados nos
últimos meses, e a pandemia de covid-19 vai causar "profundas mudanças
estruturais", alertou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"A economia
pós-pandemia será muito diferente da que se registava anteriormente (...). Não
faz sentido hoje investir na economia de ontem", realçou a directora-geral
do FMI, Kristalina Georgieva, numa conversa sobre o futuro da economia.
A gravidade e a
magnitude do impacto da pandemia, que já causou mais de um milhão de mortos e a
maior recessão económica em praticamente um século, tem sido o centro de
atenção das reuniões por videoconferência daquele organismo, noticia a agência
EFE.
A pandemia causa ainda
que a linguagem técnica habitualmente utilizada nestas reuniões seja carregada
de frases dramáticas.
Uma das mais utilizadas,
'tempos extraordinários exigem soluções extraordinárias', defende os programas
de estímulo fiscal e monetário de biliões de dólares que estão a ser
implementados nas grandes economias.
Perante este cenário, a
directora do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou que é
fundamental não só manter o apoio mas também "evitar que seja retirado
repentinamente".
A dirigente francesa
insistiu também numa dimensão integral e planeada a médio prazo.
"Medidas
estruturais bem desenhadas serão necessárias para realocar recursos ao longo do
tempo para sectores mais viáveis e, assim, minimizar os danos permanentes nas
nossas economias", sublinhou Lagarde, que liderou o FMI entre 2011 e 2019.
No relatório 'Global
Economic Outlook', o FMI apontou o emprego como uma das principais vítimas da
pandemia.
E instou as autoridades
a elaborarem planos para "facilitar a transferência de trabalhadores de
sectores que provavelmente serão reduzidos a longo prazo, como sector das
viagens, para outros que continuarão a crescer, como comércio
electrónico".
Para o presidente do
Banco Mundial (WB, em inglês), David Malpass, a pandemia mudou tudo: "a
forma como trabalhamos, o alcance das nossas viagens, a maneira como comunicamos,
ensinamos e aprendemos."
Um dos indicadores mais
importantes da situação dramática vivida actualmente refere-se à pobreza, pois
a pandemia terá impacto de forma particularmente grave nos mais desfavorecidos.
"Em 2020, a pobreza
extrema global aumentará pela primeira vez, em mais de 20 anos, como resultado
dos distúrbios causados pela pandemia de covid-19", vincou o Banco
Mundial, no seu mais recente relatório divulgado esta semana.
Em Maio, no pior cenário
delineado, os economistas do Banco Mundial já previam que 60 milhões de pessoas
poderiam cair em pobreza extrema e, em Agosto, a previsão foi ainda mais
pessimista, passando para 100 milhões de pessoas.
Pelos últimos cálculos,
em 2021 quase 150 milhões de pessoas em todo o mundo podem cair em pobreza
extrema, com rendimento diário estimado de 1,9 dólares (1,62 euros).
A pandemia de covid-19
já provocou mais de um milhão e noventa e três mil mortos e mais de 38,5
milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela
agência francesa AFP.ANG/Angop
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