Conakry/ONU pede contenção a actores políticos
Bissau,
21 Out 20 (ANG) - A ONU e as organizações africanas CEDEAO e UA apelaram
quarta-feira à contenção na Guiné-Conakry enquanto se aguardam os resultados
das eleições presidenciais de domingo e quando se registaram três mortos em
confrontos em Conakry.
"Apelamos para a
calma e contenção dos actores políticos a fim de evitar manifestações violentas
que possam ter consequências na paz e segurança", afirmaram, num
comunicado conjunto divulgado hoje, a Comunidade Económica dos Países da África
Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA) e Organização das Nações Unidas (ONU).
No mesmo comunicado, as
organizações "convidam" os líderes políticos a respeitarem "as
disposições legais" relativamente à proclamação dos resultados, lamentando
a divulgação que está a ser feita "através das redes sociais".
Na sequência da votação
de domingo, três jovens morreram em Conakry em confrontos entre as forças de
segurança e os apoiantes do líder opositor Cellou Dalein Diallo, depois de este
se ter proclamado vencedor das eleições presidenciais que disputou com o
Presidente cessante, Alpha Condé.
"Enquanto os
apoiantes do Presidente Cellou Dalein Diallo celebraram pacificamente a vitória
do seu candidato, as forças de defesa e segurança reprimiram com sangue este
momento de alegria e coexistência popular", disse a União das Forças
Democráticas da Guiné (UFDG), da oposição, numa declaração ao final do dia de
segunda-feira.
Segundo o partido da
oposição, as forças de defesa e segurança "dispararam munições reais
contra a multidão em Conakry, resultando em vários ferimentos e na morte de
três jovens" com 13, 14 e 18 anos.
A Comissão Eleitoral
Nacional Independente (Ceni) da Guiné-Conakry, responsável pela organização das
eleições presidenciais, considerou "prematura" e "nula" a
proclamação de vitória por Cellou Dalein Diallo.
Até ao momento, não há
dados oficiais, e os resultados provisórios deveriam ser anunciados 72 horas
após o encerramento das urnas, que tiveram lugar no domingo, oficialmente, às
18:00 horas GMT.
Na segunda-feira, o
Governo guineense "lamentou profundamente" a declaração de Diallo e
denunciou este acto como "irresponsável, antidemocrático e
anti-republicano", considerando que o seu "único objectivo é semear a
confusão, manipular a opinião pública e minar seriamente a paz social".
O processo eleitoral
ficou marcado pela contestação da candidatura a um terceiro mandato de Alpha
Condé, considerado inconstitucional pela oposição, mas as três organizações
sublinham a forma "globalmente pacífica" como decorreu a votação.
Também advertiu que se
reserva "o direito de iniciar um processo judicial contra o autor da
declaração de auto-proclamação (...) para o responsabilizar perante a
lei".
A CEDEAO, UA e ONU pedem
ainda aos actores políticos que usem "as vias legais de recurso para uma
eventual contestação dos resultados".
A missão de observação
da CEDEAO é liderada pelo ex-primeiro-ministro de Cabo Verde José Maria Neves,
que, em declarações à agência Lusa, considerou que as eleições decorreram num
ambiente de "grande civismo" e com elevada "participação".
Cerca de 5,4 milhões de
eleitores escolheram domingo o próximo presidente da Guiné-Conakry, numa
eleição marcada pela contestação à recandidatura de Alpha Condé e pela morte de
dezenas de manifestantes.
O Presidente cessante,
Alpha Condé, de 82 anos, primeiro chefe de Estado eleito democraticamente em
2010 após décadas de regimes autoritários na Guiné-Conakry, foi reeleito em
2015 para um segundo mandato e vai tentar agora um terceiro.
Durante um referendo em
Março, muito contestado, fez aprovar uma nova Constituição e de seguida
considerou, com os seus apoiantes, que o novo texto lhe permite voltar a
concorrer ao escrutínio.
Os seus adversários
denunciaram um "golpe de Estado constitucional". Segundo a oposição,
pelo menos 90 pessoas morreram no último ano devido a incidentes durante
manifestações contra uma nova candidatura de Condé.ANG/Angop
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