COP
27/ "Justiça
climática para garantir a sobrevivência dos povos do sul"
Bissau, 16 Nov 22 (ANG) - À boleia da guerra na Ucrânia e da consequente crise energética, aumentou a corrida aos combustíveis fósseis e a África está no centro desta corrida .
Para segundo
plano, ficam os interesses e direitos dos povos africanos.
Moçambique é um dos países mais
vulneráveis às alterações climáticas. Em 2019, dois ciclones, Kenneth e Idai,
com ventos que excederam os 200km/hora varreram uma parte do país. Fenómenos
como estes, devido ao aquecimento global do planeta, tendem a ser mais
frequentes e mais violentos.
O país continua a apostar na exploração de
gás, sob a bandeira da independência e desenvolvimento económico do estado.
Todavia, contas feitas, basta uma única época ciclónica agressiva para deitar
por terra a esmagadora maioria da receita que o gás pode trazer para
Moçambique. Os custos directos e indirectos associados ao Kenneth e Idai
ultrapassam os 3 mil milhões de dólares.
Dipti Bhatnagar,
activista da Justiça Ambiental Moçambique e da ong Amigos da Terra participa na
COP 27, em Sharm el Sheikh, Egipto, sublinha
a necessidade de justiça climática para garantir a sobrevivência dos povos do
sul, denuncia a corrida desenfreada aos fósseis e o poder da indústria do gás e
petróleo nesta Cimeira do Clima em detrimento da sociedade civil.
“Estamos na COP27 com um grupo de
pessoas de todo o mundo para exigir justiça climática. Isto significa que os
países desenvolvidos têm de parar de usar energias fósseis e dar financiamento
para projectos em países do sul e financiamento para um transição. Por exemplo,
em Moçambique, 70% da população não tem acesso a energia, a electricidade e
isto deveria ser um direito humano.
“Isto é sobre a sobrevivência dos países
do sul, a sobrevivência das pessoas mais pobres e vulneráveis do planeta, temos
de luta e fazer os possíveis para trazer estas histórias das pessoas que já estão
a sofrer com as consequências das alterações climáticas.”
A activista critica ainda o facto da
presença dos lobistas do gás e do petróleo ter aumentado em 25% este ano.
Segundo os cálculos da Global Witness, do
Corporate Europe Observatory e da Corporate Accountability “636 lobistas
das energias fósseis, afectos aos gigantes poluidores do petróleo e do gás,
inscreveram-se para as discussões climáticas". Este número representa um
aumento de mais de 25% em relação à COP 26 que decorreu no final de 2021 em
Glasgow.
A Conferência das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas decorre até dia 18 de Novembro, em Sharm el-Sheikh, no
Egipto. ANG/RFI
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