CPLP/ Fórum Energia e Clima vai criar observatório para os
países lusófonos
Bissau, 14 Out 20(ANG) –
O Fórum Energia e Clima, criado por entidades dos nove Estados-membros da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), vai lançar um observatório
do clima e arrancar com mais três projectos em 2021, disse hoje o presidente da
organização.
“O que estamos a fazer
(…) é uma amostra muito importante de recolha de dados e de informação, para
promover a reunião dessa informação neste observatório, de forma a
transmitirmos à ciência e à sociedade em geral um conhecimento maior sobre o
problema das alterações climáticas”, disse Ricardo Campos, em entrevista à
agência Lusa.
O que o Fórum pretende
com este projecto é “permitir à ciência e aos decisores públicos compreenderem
melhor o fenómeno e terem uma noção muito mais concentrada daquilo que são os
problemas e terem indicadores de extraordinária importância para a tomada de
decisão”, disse.
Para isso, o Fórum
Energia e Clima está a contar com um financiamento do Fundo Ambiental Português
e deverá arrancar ainda este ano.
“Já foi apresentada a
candidatura e estamos a todo o momento à espera” que seja garantido o
financiamento, disse o presidente daquela entidade, constituída em 2019 e
apresentada publicamente em 31 de Janeiro deste ano.
A informação para o
observatório é recolhida, parte através das pessoas que estão nos nove países
lusófonos e outra parte é baseada em dados satélite.
“Até ao final de 2020
contamos fazer a sua apresentação pública já com uma monitorização inicial de
pelo menos 35 indicadores, entre os que tenham a ver com a adaptação e também
com mitigação”, avançou Ricardo Campos, para quem a informação “está garantida
à partida, porque o Fórum da Energia e Clima já reúne 1.500 membros, com vários
níveis de formação”.
Em relação a outros
projectos do fórum, o presidente destacou três, que espera estarem no terreno
“até ao final do primeiro trimestre de 2021”.
Um deles consiste na
instalação de fogões solares na Guiné-Bissau, que “pode ajudar na
sensibilização para a necessidade de não haver tanta desflorestação no país e,
ao mesmo tempo, para que se possam aproveitar as energias renováveis para
outras actividades sem ser a produção de electricidade”.
Os fogões solares vão
chegar a sete comunidades naquele país de África, especificou, referindo as
vantagens deste recurso, “nomeadamente a não exposição ao fumo e outros
poluentes com uma influência muito negativa na saúde”.
Este projecto “tem a
participação dos vários países, de forma também a aprofundar a solidariedade e
a cooperação entre todos”.
Outro projecto é a
iniciativa “Uma casa, uma lâmpada”, que se destina a São Tomé e Príncipe,
Timor-Leste e Cabo Verde e que tem, segundo Ricardo Campos, o objectivo de
levar electricidade a lugares onde não existe cobertura da rede eléctrica.
“Queremos fazer
minissistemas de microgeração para que, pelo menos, exista nas casas iluminação
para que à noite as crianças possam estudar em casa ou carregarem um telemóvel.
O objectivo é abranger cerca de mil casas”, adiantou.
A este soma-se ainda o
projecto de recuperação de mangais, que resulta de uma iniciativa do Brasil, de
Angola e Moçambique para requalificar 700 hectares de mangais numa primeira
fase, mas sobre o qual não adiantou detalhes.
Ricardo Campos pretende
também que seja continuado um outro projecto, o dos “Guardiões”, que arrancou
antes do início da pandemia de covid-19 na Guiné Equatorial e em Cabo Verde,
mas que, por causa dela, ficou parado.
“É um projecto de
mobilização e sensibilização da sociedade civil, principalmente dos mais
jovens. Por isso, numa primeira fase, o fórum optou por executá-lo junto das
escolas de vários níveis de ensino, desde o secundário até às universidades.
Mas com o confinamento teve de parar”, explicou o presidente daquela entidade,
que nada tem a ver com a CPLP, embora se tenha candidatado a observador
associado daquela comunidade.
O financiamento para
todos os projectos “baseia-se em sistemas multilaterais, mas também nas
contribuições em termos de parceiros e patrocinadores para alguns deles”,
especificando que, além do Fundo Ambiental português, “estão a ser preparadas
candidaturas a programas da União Europeia e das Nações Unidas”. ANG/Inforpress/Lusa/Fim
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