Saúde infantil/”Cerca de dois milhões de bebés nascem cada ano sem vida”, revelam estimativas conjuntas da ONU
BISSAU, 8 OUT 20 (ANG) – Quase dois milhões de bebés nascem sem vida todos os anos - ou seja, um bebé a cada 16 segundos revelam as primeiras estimativas conjuntas publicadas pelo UNICEF, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Grupo do Banco Mundial e a Divisão de População do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.
De acordo com o novo relatório conjunto, A Neglected Tragedy: The Global Burden of Stillbirths, a grande maioria dos natimortos (84%) ocorre em países de rendimento baixo e médio-baixo.
Em 2019, três em cada quatro natimortos ocorreram na África Subsaariana ou no Sul da Ásia.
O relatório define um natimorto como o nascimento de uma criança sem sinais de vida com 28 semanas ou mais de gravidez.
"A cada 16 segundos, uma mãe algures no mundo sofrerá a tragédia indescritível de ter um nado-morto. Para além da perda de vidas, os custos psicológicos e financeiros para as mulheres, famílias e sociedades são graves e duradouros. A maioria dos natimortos poderia ter sido evitada com uma monitorização qualidade e cuidados adequados pré-natais e durante o parto", disse Henrietta Fore, Directora Executiva do UNICEF.
Segundo o relatório, a pandemia de COVID-19 pode aumentar o número de natimortos em todo o mundo. Uma redução de 50% nos serviços de saúde devido à pandemia poderá causar quase 200.000 mortes adicionais durante um período de 12 meses em 117 países de baixo e médio rendimento – o que corresponderia a um aumento de 11,1%.
A maioria dos natimortos deve-se a cuidados de má qualidade durante a gravidez e o parto. Mais de 40% dos natimortos ocorrem durante o trabalho de parto, uma tragédia que poderia ser evitada se profissionais de saúde formados estivessem presentes durante os partos, e se cuidados obstétricos de emergência estivessem disponíveis rapidamente.
Na África Subsaariana, Ásia Central e Sul da Ásia, cerca de metade dos natimortos ocorrem durante o trabalho de parto, em comparação com 6% na Europa, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia.
Apesar dos progressos alcançados em termos de serviços de saúde para prevenir ou tratar as causas das mortes infantis, o progresso na redução da taxa de natimortos tem sido lento.
Entre 2000 e 2019, a taxa de natimortos diminuiu apenas 2,3% ao ano, enquanto que a redução da taxa anual de mortalidade neonatal fixou-se nos 2,9% e 4,3% para a mortalidade de crianças com idade 1 a 59 meses.
O relatório indica que, com as políticas, programas e investimentos certos pode ser alcançada uma melhoria significativa.
“A chegada de uma criança deve ser um evento alegre, mas milhares de pais vivenciam a tristeza insuperável de ter um bebé natimorto”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Director-geral da OMS.
Acrescenta que a tragédia da natimortalidade demonstra como é vital fortalecer e manter os serviços essenciais de saúde e aumentar os investimentos no apoio a enfermeiras e parteiras.
O relatório também enfatiza que o número de natimortos não afecta apenas os países pobres.
Refere que em 2019, 39 países de rendimento elevado registaram mais natimortos do que mortes neonatais, e 15 países registaram mais natimortos do que mortes infantis. Nesses países, o nível de escolaridade da mãe é um dos principais factores de desigualdade registados. ANG//SG
Sem comentários:
Enviar um comentário