África do Sul/ Falta de Vacinas para Criança africana é Preocupante
Bissau, 29 Jan 21 (ANG) - O director do departamento de pesquisa económica na consultora NKC African Economics, Jacques Nel, alertou hoje que a falta de vacinas contra a covid-19 especificamente para crianças é uma preocupação acrescida para o continente devido à juventude da população.
"Não há ainda
vacinas disponíveis para as crianças, o que é preocupante no caso de
África", disse o analista durante uma conferência virtual sobre as
principais tendências económicas para este ano no continente, transmitida hoje
a partir de Joanesburgo.
"As crianças
não têm sintomas tão severos como os adultos, mas são capazes de transmitir a
covid-19, e isso pode resultar num problema acrescido na obtenção da tão falada
imunidade de grupo", disse o analista, considerando que "a pandemia
de covid-19 vai continuar a ser um problema durante todo este ano".
Segundo a NKC
African Economics, o cepticismo dos países no apoio a África vai dissipar-se
até final do ano, quando os países mais ricos tiverem concluído as suas
campanhas de vacinação "e perceberem que até o vírus estar eliminado em
todo o lado, não estará eliminado em nenhum lado".
Os países mais
desenvolvidos, apontou, "vão ser obrigados a apoiar o continente depois de
terem alcançado a imunidade de grupo, portanto é de prever um aumento do apoio
mais para o final do ano".
Ainda no capítulo das
vacinas, Jacques Nel apresentou duas sondagens conduzidas na Nigéria e na
África do Sul, as duas maiores economias do continente, para dizer que "só
40 por cento dos inquiridos na Nigéria e um terço na África do Sul querem tomar
a vacina, o que é preocupante".
A opinião do
analista surge na mesma semana em que o presidente da Comissão da União
Africana, Moussa Faki Mahamat, afirmou que os países africanos devem ter as
mesmas "oportunidades" no acesso à vacinação contra a covid-19,
esperando "solidariedade" dos países ocidentais.
"Estamos a
afinar estes processos para podermos, nós próprios, começar a vacinação",
afirmou Mahamat, em declarações aos jornalistas no final do encontro com o
chefe de Estado de Cabo Verde, esta semana, nas quais sublinhou que o acesso à
vacina "é uma necessidade" também para África e que o continente deve
ter as mesmas "oportunidades" de pôr fim à pandemia.
"Esta pandemia,
que atingiu todo o mundo, provou que não podemos só vacinar uma parte e deixar
outra", afirmou, sublinhando que é uma "necessidade absoluta"
que a vacina "fique disponível para todos".
De acordo com os
dados apresentados por Mahamat aos jornalistas, para uma população superior a
mil milhões de pessoas, 20 por cento das necessidades de doses de vacinas do
continente africano serão garantidas através da plataforma internacional Covax,
promovida pela OMS e pela Aliança para as Vacinas, entre outras organizações.
Além disso, uma
equipa de negociação da União Africana reservou junto dos fabricantes Pfizer,
AstraZeneca e Johnson & Johnson a aquisição de 270 milhões de doses para
serem colocadas à disposição dos Estados-membros. Acrescentou que também estão
a ser negociadas compras de doses da vacina directamente entre os
Estados-membros e indústria farmacêutica, com o Banco Africano de Exportações e
Importações (Afreximbank) disponível para assegurar o financiamento para essas
operações.
África registou nas
últimas 24 horas mais 1.039 mortes por covid-19 para um total de 87.937 óbitos,
e 20.177 novos casos de infecção, segundo os últimos dados oficiais da pandemia
no continente.
De acordo com o
Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o
número total de infectados é de 3.494.117 e o de recuperados nos 55
Estados-membros da organização nas últimas 24 horas foi de 21.941, para um
total de 2.977.335 desde o início da pandemia.
A covid-19 é uma
doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detectado
no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.ANG/Angop
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