EUA/Biden reverte medidas de
Trump e volta ao Acordo do Clima de Paris
Bissau, 22 Jan 21 (ANG) - Horas
depois de assumir a Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
cumpriu a promessa de reverter uma série de medidas tomadas pelo antecessor,
Donald Trump.
"Vamos combater as mudanças
climáticas de uma forma que não tínhamos tentado até agora", disse Biden
em sua primeira declaração aos jornalistas na Casa Branca, após assinar os
decretos, na noite desta quarta-feira (20).
A decisão de Biden, que entra em vigor em
30 dias, foi celebrada por organizações ambientais do mundo todo. A Climate
Reality festejou “um grande passo”. “Estamos gratos pelo compromisso do governo
Biden com o clima no seu primeiro dia. O verdadeiro trabalho começa agora”.
No Brasil, o secretário-executivo do
Observatório do Clima, Marcio Astrini, disse que “os Estados Unidos viraram a
página do negacionismo e do populismo. Os novos rumos da política americana são
um sopro de esperança e precisam se transformar em ações o quanto antes”. Uma
nota divulgada pela entidade lembra que o país é segundo maior emissor mundial
de gases de efeito de estufa, portanto possui "uma dívida ambiental
histórica com o planeta — que se agravou ao longo dos últimos quatro anos do
governo Trump”.
O acordo foi assinado em 2015, sob a égide
da ONU. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que
“com todos os países profundamente envolvidos, nós temos a real oportunidade de
prevenir a catástrofe climática”.
O governo francês também comemorou o
anúncio. O presidente Emmanuel Macron publicou no twitter que "juntos
poderemos vencer os desafios do nosso tempo (…) e mudar os rumos climáticos,
agindo pelo nosso planeta”. “Welcome back!”, disse Macron.
Em Bruxelas, a presidente da Comissão
Europeia Ursula Von der Leyen frisou que a decisão de Biden é “um ponto inicial
para a nossa cooperação renovada”. Analistas apontam que, no primeiro momento,
o foco da diplomacia do presidente democrata deve ser o fortalecimento das
relações com os europeus, fragilizadas durante os anos Trump.
No contexto interno, porém, o retorno ao
Acordo de Paris não é consensual. Um grupo de senadores republicanos já pediu
para o presidente que apresente ao Congresso o seu projeto de retorno ao
tratado, para que os parlamentares o “examinem”. O senador Steve Daines, do
estado de Montana, declarou que Biden não pode inserir os Estados Unidos em um
acordo internacional sem uma maioria de pelo menos dois terços de apoio do
Senado.
Além do Acordo de Paris, a lista de
decretos assinados por Biden inclui outras medidas importantes em favor do meio
ambiente: a revogação da permissão de construção do oleoduto Keystone XL, entre
o Canadá e o estado americano de Nebraska, e uma moratória da captura de
petróleo e gás natural de uma reserva natural no Ártico, cuja exploração o
governo Trump havia recentemente autorizado.
Durante todo o seu mandato, o presidente
republicano promoveu o desenvolvimento das energias fósseis, como o carvão, em
choque com as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e na
contramão do que recomendam os cientistas especializados no combate às mudanças
climáticas.
Já Biden prometeu desde a campanha colocar
o país no caminho para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 – o que
significa medidas concretas e ambiciosas para diminuir drasticamente as
emissões americanas.
O decretos assinados por Biden em seu
primeiro dia governo contemplam medidas para combater a pandemia de coronavírus, a começar
pela anulação da saída de Washington da Organização Mundial da Saúde (OMS). O
presidente também determinou o uso obrigatório de máscaras de proteção nos
prédios federais e pelos funcionários do governo, nos transportes entre
estados.
No tema da imigração, está suspensa a construção do polémico muro na fronteira entre Estados Unidos e o México, medida enfatizada pelo ex-presidente republicano em cada ocasião em que falava sobre a questão. Da mesma forma, o bloqueio de entrada no território americano de cidadãos de diversos países muçulmanos também está cancelado. ANG/RFI
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