Covid-19/ Vida dos bolseiros do Camões ficou mais difícil nos PALOP e em Portugal
Bissau, 18 Jan 21 (ANG) – Aulas interrompidas e sem
ensino à distância, anos lectivos prolongados e abandono escolar foram alguns
dos efeitos da covid-19 nas bolsas de estudo que o instituto Camões atribuiu em
2020 a estudantes dos PALOP e Timor-Leste nos seus países.
Questionado pela Lusa, o organismo português referiu que “na
maioria dos países existiram impactos significativos, nomeadamente aulas
interrompidas durante meses, sem recurso a ensino à distância, anos lectivos
prolongados por alguns meses e alunos que desistiram de estudar”.
Em 2020, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua,
atribuiu 216 bolsas internas, na sua maioria licenciaturas, mas também do
ensino secundário e mestrado.
Em relação às bolsas de estudo externas (licenciatura, mestrado
e doutoramento em Portugal), foram atribuídas 194 a alunos dos Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste no mesmo período: 134
licenciaturas, 36 mestrados e 24 doutoramentos.
Segundo o instituto Camões, “apesar de alguns bolseiros terem
justificado resultados escolares menos positivos com a situação da covid-19,
não se pode afirmar na generalidade que a pandemia terá tido um impacto
significativo nas classificações académicas”.
Todavia, o Camões reconhece que os “constrangimentos”
resultantes da pandemia “trouxeram, aos novos bolseiros, dificuldades
acrescidas ao nível logístico e administrativo, nomeadamente dificuldades na
obtenção de documentos locais para apresentação aos concursos ao ensino
superior, dificuldades na obtenção de vistos em virtude das restrições no
atendimento ao público pelas embaixadas e consulados, dificuldades na
realização de voos, dificuldades nas matrículas (apenas por marcação) ”, entre
outras.
Para o corrente ano lectivo de 2020/2021, este instituto
disponibilizou 279 bolsas internas para benefício de alunos a estudar nos PALOP
e em Timor-Leste: Angola (40), Cabo Verde (44), Guiné-Bissau (60), Moçambique
(35), São Tomé e Príncipe (60) e Timor-Leste (40).
Para o mesmo período estiveram disponíveis 210 bolsas de
licenciatura, mestrado e doutoramento em Portugal para estudantes provenientes
de Angola (26), Cabo Verde (36), Guiné-Bissau (33), Moçambique (54), São Tomé
(33) e Timor-Leste (24). Foram igualmente beneficiados dois alunos de mestrado
do Senegal e dois da Colômbia.
Contudo, o número final deverá ser semelhante ao do ano lectivo
passado, uma vez que o concurso do Senegal ficou deserto, a Guiné-Bissau não
preencheu todas as vagas e alguns bolseiros não tiveram as bolsas de estudo
renovadas por incumprimento do regulamento.
Por seu lado, as autoridades de Timor-Leste, devido à covid-19,
entenderam que não estavam reunidas as condições para proceder à abertura de
concurso e posterior envio de estudantes para Portugal e não abriram os
concursos de bolsas de estudo.
O Camões atribui ainda anualmente cerca de 50 bolsas no domínio
da Defesa, a usufruir nos estabelecimentos de ensino militar em Portugal, e
bolsas de ensino superior policial (33 bolseiros nos últimos anos, apenas para
bolseiros de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau).
A pandemia de covid-19 originou alterações nos procedimentos
habituais dos concursos para estas bolsas de cooperação, nomeadamente a
possibilidade de os documentos digitalizados passarem a ser aceites pelo
Ministério do Ensino Superior de Portugal.
Segundo o Camões, “foi também acautelado que nenhum bolseiro
viajaria para Portugal sem ter previamente assegurado local de residência”.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário