RCA/Presidente Touadéra reeleito
com 53,16% de votos
Bissau, 19 Jan 21 (ANG)- A presidente do Tribunal Constitucional, da República
Centro Africana, Danièle Darlan, proclamou
segunda-feira, a vitória
à primeira volta do Presidente cessante Faustin-Archange Touadéra de 63
anos com 53,16% de votos, mas admitiu que a participação no escrutínio
de 27 de dezembro foi de apenas 35,25%, ou seja dois em cada três dos 76,31% de eleitores inscritos não votaram.
O anúncio foi acolhido com aplausos por
apoiantes do Presidente cessante, mas as ruas de Bangui permaneciam na manhã de
segunda-feira quase desertas, pois os habitantes temem novas incursões dos
rebeldes.
Estes resultados, apesar de contestado,
surgem após quatro recursos para a anulação do escrutínio apresentados por 13 dos 16 rivais de
Touadéra, alegando fraude
massiva e a impossibilidade de votar de cerca de metade dos
eleitores inscritos, devido à insegurança reinante no país.
A presidente do TC afirmou ainda que
"uma parte do povo centro-africano, em guerra, foi impedido [de
votar] devido a actos de terror...e apesar disso, o povo enviou uma
mensagem muito clara e forte aos que o aterrorizavam, aos que lhe diziam de não
votar e ao mundo inteiro".
De recordar que esta eleição decorreu num
contexto de insegurança, pois a 17 de janeiro, 10 dias antes da eleição, seis dos mais poderosos grupos armados da RCA,
que controlam dois terços do território - e que na sua maioria apoiam o antigo Presidente François Bozizé,
cuja candidatura foi invalidada - aliaram-se
na Coligação dos Patriotas para a Mudança e a 19 de janeiro, lançaram uma nova ofensiva em direcção à capital Bangui,
para impedir a reeleção do Presidente Touadéra e a realização do escrutínio.
Apesar da superioridade das tropas
centro-africanas, quer em homens, quer em equipamento e do apoio de cerca de
12.000 capacetes azuis da Minusca, a força da ONU de manutenção da paz e de
paramilitares russos, na semana passada cerca de 200 rebeldes efectuaram duas
incursões simultâneas às portas de Bangui, que foram repelidas, mas os combates
provocaram cerca de 30 mortos rebeldes e a de um capacete azul ruandês, segundo
o governo e a ONU.
A principal coligação de partidos da oposição - COD 2020 - acusou neste
domingo, 17 de janeiro, o representante da ONU no país, Mankeur Ndiaye, de ter
apoiado o campo do Presidente cessante e reclama um inquérito da ONU à sua
actuação, afirmando - embora sem apresentar provas - que o Tribunal Constitucional "foi alvo de pressões para proclamar a vitória
de Touédara" por parte do enviado especial de António Guterres,
o que o acusado e o TC negam determinantemente.
Desde dezembro de 2020, cerca de 60.000 cidadãos fugiram da violência, que
assola a RCA, segundo dados de 15 janeiro do Alto Comissariado da ONU para
os refugiados.
Só no dia 13 de janeiro, 10.000 pessoas atravessaram o rio Oubangui, para se refugiarem na RDC. ANG/RFI
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