UA/MOUSSA FAKI MAHAMAT ANUNCIA OFICIALMENTE
RECANDIDATURA
Bissau, 25 Jan 21(ANG) - O tchadiano Moussa Faki Mahamat anunciou oficialmente a sua recandidatura à presidência da Comissão da União Africana (UA), o cargo executivo mais importante da organização, apontando como prioridade a erradicação do terrorismo e dos conflitos armados em África.
Eleito pela primeira
vez em 2017, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Tchad, que se
recandidata sem oposição, irá procurar a recondução no cargo para o mandato de
2021-2024, devendo para isso recolher o apoio de dois terços dos chefes de
Estado africanos.
"Dentro de dois
meses completarei o meu primeiro mandato de quatro anos ao leme da Comissão da
União Africana. Estou orgulhoso de ter liderado a Comissão com uma equipa que
deu o seu melhor para ter sucesso na nossa missão conjunta", disse
Mahamat, num relatório sobre o balanço do mandato anterior e as prioridades
para o próximo divulgado durante o fim-de-semana.
O político chadiano
reconheceu que durante o seu primeiro mandato no cargo houve desenvolvimentos e
aspectos positivos, mas também menos positivos, assinalando que estes quatro
anos terminam, num contexto de complexidade intensificada pela pandemia da
covid-19.
"Relativamente
ao contexto da minha eleição em 2017, o mundo tornou-se cada vez mais complexo
e as previsões tornaram-se mais incertas", admitiu.
O ainda presidente
da Comissão disse que o seu projecto para o próximo mandato continuará centrado
nos objectivos de desenvolvimento da Agenda 2063 da UA e em sete áreas
prioritárias, incluindo a finalização da reforma institucional da organização e
o reforço da liderança dos seus órgãos, o reforço da responsabilização a nível
administrativo e financeiro e a luta para silenciar as armas em África.
"O próximo
mandato pode ficar comprometido se não silenciarmos significativamente as armas
nos países afectados por crises e conflitos armados em África", disse
Moussa Faki Mahamat.
"Erradicar o
terrorismo no Sahel, na região do Lago Tchad, em Moçambique, Tanzânia e
Somália, construir a paz na República Centro-Africana (RCA), no Sudão do Sul,
Sudão e Líbia e assegurar a contribuição da África para a solução do conflito
do Sara Ocidental serão prioridades", detalhou.
A UA tem sido
criticada pela sua inacção ou reacção tardia às crises políticas e de segurança
no continente.
Neste contexto, o
candidato sublinhou a necessidade de melhorar o alerta precoce, a prevenção e a
mediação de conflitos no continente, reafirmando o princípio de "soluções
africanas para problemas africanos", bem como a necessidade de
"articular mais claramente o discurso sobre o financiamento de operações
africanas de manutenção da paz".
Moussa Faki Mahamat
disse ainda que se baterá por uma implementação bem-sucedida de projectos-chave
de integração, tais como o Acordo de Comércio Livre Continental Africano
(AfCFTA), que entrou em vigor no início deste ano.
Na lista de
prioridades estão também maiores esforços para melhorar a alimentação, reduzir
a pobreza e proteger o ambiente, bem como a implementação de políticas a favor
dos jovens e das mulheres.
Faki Mahamat
propõe-se também renovar as parcerias estratégicas do continente, nomeadamente
com a China e a União Europeia, sob os princípios de que a África pertence aos
africanos, os problemas africanos são resolvidos por e entre africanos e o
continente fala a uma só voz.
"Tenciono
revisitar, as nossas parcerias estratégicas a fim de as alinhar com estes princípios
simples, mas cruciais", disse.
"África e Ásia,
África e Europa, África e América, como não podemos estar orgulhosos por o
nosso continente estar hoje no centro destes imensos espaços geoestratégicos?
No entanto, em última análise, só desfrutaremos plenamente deste estatuto se
nos afirmarmos, sem complexos nem hesitações, na nossa própria identidade, numa
base de igualdade total com os outros", acrescentou.
O político chadiano
deverá apresentar a sua avaliação do seu primeiro mandato e a sua proposta de
reeleição aos chefes de Estado na cimeira da UA, marcada para 06 e 07 de
Fevereiro, previsivelmente em formato digital.
A União Africana
integra 55 países, incluindo Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné
Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe, é dirigida por uma comissão e a
sua presidência ocupada rotativamente pelos países pelo período de um ano.
A organização
reúne-se anualmente em assembleia ordinária em Adis Abeba, na Etiópia, onde tem
a sua sede.
A cimeira, que
deverá centrar as discussões na crise provocada pela pandemia de covid-19 no
continente, marcará a passagem da actual presidência da África do Sul para a
República Democrática do Congo (RDC).
A nova Comissão da União Africana, a primeira a ser eleita após o processo de reforma iniciado em 2016 sob supervisão do Presidente ruandês, Paul Kagamé, terá menos comissários e será escolhida através de um novo sistema baseado no mérito.
A nova estrutura executiva da União Africana será composta por oito membros, incluindo um presidente, um vice-presidente e seis comissários, menos dois lugares do que na anterior comissão.
Entre os candidatos
a comissários, está a engenheira agrónoma angolana Josefa Leonel Correia Sacko.
A diplomata e actual comissária da UA para a Agricultura e Economia Rural, a única representante lusófona na lista de 25 candidatos pré-qualificados, vai procurar a reeleição para a mesma pasta, que passará também a integrar a Economia Azul e o Ambiente.ANG/Angop
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