PORTUGAL/ PRESIDENTE REELEITO PROMETE COMBATE À PANDEMIA E AO
EXTREMISMO
Bissau, 25 Jan 21 (ANG) - Marcelo Rebelo de Sousa foi, por esmagadora
maioria, o vencedor das eleições presidenciais, marcadas desta vez por uma
pandemia que arrastou o país para uma crise económica e social.
Para o Presidente de
todos os portugueses, é necessário "esquecer as xenofobias, as exclusões,
os medos instalados".
Foi com 60,70 por
cento dos votos que Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu a vitória naquela que foi
a sua segunda candidatura à Presidência portuguesa. Apesar de uma abstenção
recorde, o Presidente alcançou nestas eleições o primeiro lugar do pódio, sendo
seguido por Ana Gomes, com 12,97 por cento dos votos, e André Ventura, com
11,90.
As primeiras palavras do discurso do vencedor foram dirigidas a todas as
vítimas da pandemia de Covid-19 em Portugal.
“A 2 de Novembro, dia da evocação das vítimas da pandemia no Palácio de Belém,
havia 2590 mortos. São agora 10469. Para eles, assim como para os mortos não
Covid, destes quase 11 meses de provação, vai o meu, o nosso primeiro
emocionado pensamento”, começou por dizer o Presidente reeleito.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a eleição de domingo comprova a “renovação da
confiança no Presidente da República em funções”, dizendo sentir-se “profundamente
honrado e agradecido”.
Mas o Chefe de Estado retirou outra conclusão dos resultados desta noite: que
os portugueses querem um Presidente “que respeite o pluralismo e a diferença,
um Presidente que nunca desista da justiça social”.
“Tenho a
exacta consciência de que a confiança agora renovada é tudo menos um cheque em
branco. Quem recebe o mandato tem de continuar a ser um Presidente
de todos e de cada um dos portugueses. Um Presidente próximo, um Presidente que
estabilize, um Presidente que una, que não seja de uns, os bons, contra os
outros, os maus. Que não seja um Presidente de facção”, disse
Marcelo, numa aparente referência ao candidato de extrema-direita André
Ventura.
O Presidente da
República disse ter retirado duas mensagens “muito claras” dos resultados
eleitorais desta noite. A primeira é que os portugueses “querem mais e melhor
em proximidade, em convergência” e na gestão da pandemia.
A segunda é que deve “tudo fazer para persuadir quem pode elaborar leis a
ponderar a revisão, antes de novas eleições, daquilo que se concluiu dever ser
revisto para ajustar situações como a vivida” nesta pandemia.
Ainda com base nos resultados, Marcelo Rebelo de Sousa acredita que os
portugueses “não querem uma pandemia infindável, uma crise económica sem termo
à vista, um empobrecimento agravado, um recuo na comparação com outras
sociedades”, nem “uma radicalização e um extremismo nas pessoas, nas atitudes,
na vida social e política”.
Querem, antes, “uma pandemia dominada o mais rápido possível, uma recuperação
de emprego e rendimentos”, assim como o “combate à pobreza e à exclusão e um
sistema político estável com governação forte, sustentável e credível”.
“Querem que a democracia constitucional responda aos dramas e angústias dos
portugueses, mas uma democracia que respeite a Constituição, uma democracia
democrática, não uma democracia iliberal, ou seja, não democrática”.
Marcelo quer “fazer
esquecer as xenofobias, as exclusões, os medos instalados”.
Ainda no seu
discurso de vitória, Marcelo Rebelo de Sousa relembrou que “dentro de três anos
estaremos no meio século do 25 de Abril”, considerando “inconcebível
que se não possa dizer então que somos não só muito mais livres, mas também
muito mais desenvolvidos, muito mais iguais, muito mais justos, muito mais
solidários do que éramos no início da caminhada”.
Antes desses três anos, “temos de reencontrar o que perdemos na pandemia,
refazer os laços desfeitos, quebrar as barreiras erguidas, ultrapassar as
solidões multiplicadas, fazer esquecer as xenofobias, as exclusões,
os medos instalados”, defendeu o Presidente.
“Temos de recuperar e valorizar todos os dias as inclusões, as partilhas, os
afectos, as cidadanias esvaziadas pela pobreza, pela dependência, pela
distância”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, tudo isto começa no combate à pandemia. “Se a
pandemia durar mais e for mais profunda, tudo o resto que queremos tanto
correrá pior e durará mais”, explicou. Por essa razão, “o mais
urgente do urgente chama-se agora combate à pandemia”.
“Temos de fazer tudo o que de nós dependa, mas mesmo tudo, para travar e depois
inverter um processo que está a pressionar em termos dramáticos as nossas
estruturas de saúde”, acrescentou.
Para que este
combate à pandemia seja sólido, Marcelo Rebelo de Sousa garante a sua
“solidariedade institucional total com a Assembleia da República e o Governo,
tentando envolver o maior número de partidos e parceiros económicos e sociais
numa desejável conjugação colectiva”.
“Não deixa de ser uma desafiante ironia do destino que essa missão, que é
minha, que é vossa, que é nossa, possa continuar a contar como Presidente
reeleito, com alguém que pertence a um grupo de risco, simbolizando que estamos
todos unidos, os mais novos e os menos novos”, declarou o vencedor destas eleições.
O resultado desta noite eleitoral não foi surpreendente, com todas as sondagens
prévias a apontarem para a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa. A maior dúvida
residia entre os seguintes lugares do pódio.
A corrida foi renhida entre Ana Gomes e André Ventura, mas acabou por ser a
candidata independente a conseguir a medalha de prata, com 12,97 por cento dos
votos. O candidato do Chega foi escolhido por 11,90 por cento dos eleitores e,
em vez de cumprir a promessa de demissão caso fosse ultrapassado por Ana Gomes,
irá antes colocar ao partido a decisão sobre se quer ou não continuar com o
projecto actual.
Em quarto lugar nestas eleições ficou João Ferreira, o candidato apoiado pelo
PCP, com 4,32 por cento dos votos, seguido por Marisa Matias, apoiada pelo
Bloco de Esquerda, com 3,95, por cento, Tiago Mayan (Iniciativa Liberal), com
3,22, e Vitorino Silva (independente), com 2,94. ANG/Angop
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