Conversações/Etiópia,
Egipto e Sudão mantêm disputa sobre barragem do Nilo Azul
Bissau, 11 Jan 21(ANG) – Egipto, Sudão e Etiópia não conseguiram no
domingo avanços nas conversações, lideradas pela União Africana (UA), para
resolver a disputa sobre a controversa barragem que a Etiópia está a construir
sobre o Nilo Azul, disseram os três países.
Os ministros dos
Negócios Estrangeiros e da Água dos três países reuniram-se ‘online’, pela
segunda vez numa semana, para tentar encontrar uma abordagem acordada para
retomar as conversações centradas no enchimento e funcionamento da Grande
Barragem Renascentista da Etiópia.
Na reunião de domingo,
realizada por videoconferência, os três países não conseguiram encontrar um
terreno comum para avançar mais, “devido a divergências sobre como retomar as
conversações e os aspectos processuais relacionados com a negociação”, disse o
Ministério egípcio dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
O Cairo e Adis Abeba
rejeitaram a proposta do Sudão, afirmou o Ministério egípcio dos Negócios
Estrangeiros.
O Ministério etíope dos
Negócios Estrangeiros também disse que o Sudão rejeitou uma proposta da África
do Sul para se reunir separadamente com peritos da UA, insistindo em aumentar
primeiro o papel dos peritos.
O ministro sudanês de
Irrigação, Yasser Abbas, disse que o seu governo insiste em maximizar o papel
dos peritos da UA, para que estes facilitem as negociações e colmatem as
lacunas entre os três países, de acordo com a agência de notícias SUNA, gerida
pelo Estado sudanês.
Em Novembro, o Sudão
boicotou as conversações, convocadas pela África do Sul, país que tem
actualmente a presidência rotativa da UA, e argumentou que a abordagem negocial
para resolver a disputa se revelou infrutífera.
As questões-chave nas
negociações continuam a ser a quantidade de água que a Etiópia irá libertar a
jusante, se ocorrer uma seca de vários anos, e como é que os três países irão
resolver quaisquer disputas futuras. O Egipto e o Sudão apelam a um acordo
juridicamente vinculativo sobre o enchimento e funcionamento da barragem,
enquanto a Etiópia insiste em directrizes.
A Etiópia está a
construir a barragem no Nilo Azul, que se junta ao Nilo Branco no Sudão para
formar o rio Nilo, e cerca de 85% do caudal do rio provém da Etiópia. As
autoridades esperam que a barragem, agora mais de três quartos completa, atinja
a plena capacidade geradora de energia em 2023, ajudando a tirar milhões de
pessoas da pobreza.
O Egipto, o país mais
populoso do mundo árabe, com mais de 100 milhões de habitantes, considera a
barragem uma ameaça existencial e receia que reduza a sua quota de água do
Nilo. O país depende quase inteiramente do Nilo para fornecer água à
agricultura e à sua população.
O Sudão, entre a Etiópia
e o Egipto, adverte que a barragem afectaria as suas próprias barragens, embora
o país possa beneficiar do acesso a possível electricidade barata. ANG/Inforpress/Lusa
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